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Cristiano Ronaldo investigado por alegado desvio de 150 milhões em esquema de Jorge Mendes

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Alejandro Garcia / EPA

Cristiano Ronaldo e José Mourinho surgem envolvidos em suspeitas de fuga aos impostos, graças a um alegado esquema gigantesco e de alta sofisticação que terá sido posto em prática pelo super-empresário Jorge Mendes.

Estes dados são revelados, neste sábado, por vários meios de informação europeus que integram um consórcio de investigação (EIC) que analisou 18,6 milhões de documentos, detectando um gigantesco e altamente sofisticado esquema de evasão fiscal que envolve figuras como Cristiano Ronaldo e José Mourinho.

O jornal Expresso é o único média português que integra o EIC e revela, na sua edição deste sábado, que Cristiano Ronaldo está a ser investigado pelo Fisco espanhol por, alegadamente, não ter declarado mais de 60 milhões de euros de rendimentos provenientes dos direitos de imagem associados a contratos publicitários.

A investigação, conhecida por “Football Leaks”, apurou que Cristiano Ronaldo terá colocado 150 milhões de euros em paraísos fiscais, durante os últimos sete anos, graças a um alegado esquema implantado pelo seu empresário, Jorge Mendes.

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As suspeitas de fuga aos impostos envolvem ainda os jogadores portugueses Ricardo Carvalho, Fábio Coentrão e Pepe, e os colombianos James Rodríguez e Radamel Falcão, todos representados por Jorge Mendes e que também estarão a ser investigados pelo Fisco espanhol, segundo avança o jornal espanhol El Mundo, que integra igualmente o consórcio de investigação.

José Mourinho é outro dos nomes envolvidos no processo, com o Expresso a notar que terá colocado 12 milhões de euros de rendimentos relativos a direitos de imagem, quando treinou o Real Madrid, em offshores. Mas o treinador português já terá pago “tudo, evitando um diferendo com o fisco espanhol”, frisa o semanário.

A “dança” dos milhões de Ronaldo

O El Mundo avança que, ao longo de seis anos, Cristiano Ronaldo depositou 74,8 milhões de receitas publicitárias numa empresa sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, a Tollin Associates.

Em 2015, outras duas empresas caribenhas com a mesma direcção da Tollin, a Adifore Finance e a Arnel Services, terão comprado a Ronaldo os seus direitos de imagem até 2020 por 75 milhões de euros.

“A operação realizou-se através da Mint Capital, companhia vinculada ao empresário Peter Lim [dono do Valência], e acabou numa conta suíça do jogador”, frisa o jornal espanhol.

Bendoni communication / Wikimedia

O super-agente Jorge Mendes

O super-agente Jorge Mendes

Assim, pelas receitas de publicidade de quase 150 milhões de euros, alusivas ao período entre 2009 e 2020, Ronaldo só terá pago ao fisco espanhol 5,6 milhões de euros, ou seja “apenas 4% do valor gerado”, sublinha o El Mundo.

Este suposto esquema traçado por Jorge Mendes implica que “o dinheiro dos contratos passa pela Irlanda – o mais parecido a um paraíso fiscal na União Europeia-, gere-se no paraíso das Ilhas Virgens Britânicas e acaba em contas na Suíça”, sustenta o diário espanhol.

As comissões pagas por Ronaldo a Jorge Mendes também terão sido feitas através destes paraísos fiscais.

Ronaldo arrisca pena de prisão (tal como Messi)

O Fisco espanhol tem agora os milhões de Ronaldo na mira, depois de já ter iniciado investigações a Lionel Messi e Neymar. E se a ideia de uma multa astronómica pode parecer um pesado castigo para o atleta português, o pior é que ele arrisca que o Fisco lhe impute responsabilidades criminais, pedindo que cumpra pena de prisão.

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Messi foi recentemente, condenado a uma pena de 21 meses de prisão por fraude fiscal, por ter ocultado do Fisco espanhol 4,1 milhões de euros através de um esquema semelhante ao que terá sido implantado por Jorge Mendes.

A justiça espanhola também pediu dois anos de prisão para Neymar, no âmbito de um processo semelhante.

A Gestifute, a empresa do super-agente de jogadores, considerado o mais rico empresário de futebol do mundo, já veio garantir, em comunicado, que Ronaldo e Mourinho têm todas as obrigações fiscais em dia.

Juiz tenta impedir publicação de notícias

Entretanto, em Madrid, um juiz proibiu o El Mundo de publicar notícias sobre estes documentos “Footbal Leaks”, ameaçando o seu director, Pedro G. Cuartango, com pena de prisão até cinco anos, conforme avança este jornal espanhol.

Apesar da ameaça, a que reagiu com uma providência cautelar, o El Mundo publica hoje um dossier sobre o caso, frisando que o resultado da investigação é publicado por todos os média envolvidos no consórcio, neste sábado, e “só em Espanha, ocorreu que um juiz decida a proibição preventiva da difusão”.

Fazem parte deste consórcio de investigação, além do Expresso e do El Mundo, os meios de informação Der Spiegel (Alemanha), L’Espresso (Itália), The Sunday Times (Reino Unido), Mediapart (França), Le Soir (Bélgica), Politiken (Dinamarca), NRC Handelsblad (Holanda), Falter (Áustria), Newsweek (Sérvia) e RCIJ/The Black Sea (Roménia).

SV, ZAP

3 Comments

  1. Não me admiro que o faça..já o Messi andava nos panama papers, certo? Só os pobres e remediados é que não têm como esconder nem um euro que seja..

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