Milhões de crianças em risco no continente africano devido a seca extrema

Nic Bothma / EPA

O número de pessoas sem acesso fiável a água potável em África passou de 9,5 milhões em fevereiro para 16,2 milhões em julho, segundo o mais recente relatório da Unicef, que inclui dados da Etiópia, do Quénia e da Somália.

“As crianças no Corno de África e no Sahel poderão morrer em número muito elevado, caso não seja prestada assistência urgente”, lê-se no comunicado da Unicef, divulgado nesta Semana Mundial da Água.

Nestes locais mais afetados pela escassez de água, há um maior risco de se contraírem doenças transmitidas pela água, como a cólera ou a diarreia. Na Somália, registaram-se o dobro de casos de diarreia aguda e de cólera (8200 casos entre janeiro e junho) do que no mesmo período de 2021.

Quase dois terços das pessoas afetadas são crianças com menos de cinco anos. “No Corno de África e no Sahel, milhões de crianças estão apenas a uma doença de distância de uma catástrofe”, explicou a directora-executiva da Unicef, Catherine Russell, citada na nota oficial.

“Imagine ter de escolher entre comprar pão ou comprar água para uma criança faminta e sedenta que já está doente, ou entre ver a sua criança sofrer de sede extrema ou deixá-la beber água contaminada que pode causar doenças fatais”, disse ainda a responsável.

De acordo com a Unicef, citado pelo Público, a maior parte das pessoas que vive no Corno de África depende da água distribuída por vendedores em camiões ou carroças e, nas zonas mais afetadas pela seca, muitas famílias já não têm acesso a água. Nos últimos 20 anos, a disponibilidade de água no Sahel diminuiu mais de 40% devido às alterações climáticas e a conflitos, notou a organização.

Um relatório divulgado em maio pela Organização Mundial da Saúde (OMS) indicava que a mortalidade causada pela falta de acesso a água e saneamento em África é de 45,9 por cada 100 mil mortes – 150 vezes mais elevada do que a mortalidade pelos mesmos motivos na Europa, que é de 0,3 mortes por cada 100 mil pessoas.

Segundo a Unicef, existem atualmente 40 milhões de crianças numa situação de “vulnerabilidade hídrica” no Burkina Faso, Chade, Mali, Níger e Nigéria. Quase três milhões de crianças sofrem de subnutrição aguda grave no Corno de África e no Sahel, “o que significa que correm até 11 vezes mais risco de morte por doenças transmitidas pela água do que as crianças bem nutridas”.

No fim de julho, 55,2 % do território de Portugal continental estava em seca severa e 44,8 % em seca extrema, o nível mais grave, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

ZAP //

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