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Mais de 100 mil crianças morreram com VIH e 320 mil ficaram infetadas. A pandemia pode piorar o cenário

De acordo com um relatório da UNICEF, a cada 100 segundos uma criança ou jovem com menos de 20 anos foi infetado pelo VIH no ano passado. Com os novos dados, o número total de crianças que vivem com a doença sobe para 2,8 milhões.

O relatório da organização humanitária alerta que as crianças estão a ser deixadas para trás na luta contra o VIH, pois no ano passado, quase metade das crianças em todo o mundo não receberam os tratamentos adequados.

Só em 2019, 320 mil crianças e adolescentes foram infetados com VIH e morreram quase 110 mil menores.

No comunicado, a diretora-executiva do Unicef, Henrietta Fore, sublinhou que esta situação é preocupante, pois “as crianças ainda estão a ser infetadas em níveis alarmantes, e como consequência o número de morte é também bastante alto”.

Fore recorda que estes números correspondem a uma realidade pré-covid, pois desde que se iniciou a pandemia foram interrompidos “serviços vitais de tratamento e prevenção do VIH, colocando inúmeras vidas em risco”, o que está a piorar ainda mais este cenário.

A UNICEF refere que a pandemia mundial de covid-19 piorou as desigualdades no acesso a serviços de VIH essenciais a crianças, adolescentes e mães grávidas em todo o mundo.

Os dados citados no relatório mostram o impacto da falta de medidas de controlo, interrupções no abastecimento de medicamentos, falta de equipamentos de proteção individual e falha na recolocação de profissionais de saúde.

Em abril e maio deste ano, período que coincide com o momento em que a maior parte dos países esteve em quarentena, o tratamento pediátrico do VIH caiu entre 50 e 70% em vários países. Os partos apoiados nas unidades de saúde e pré-natal também caíram entre 20% a 60%.

Nos últimos meses, a flexibilização das medidas de controlo levaram a uma recuperação dos serviços. Apesar disso, os desafios permanecem, e o mundo ainda está longe de atingir as metas globais de VIH pediátrico em 2020.

Ainda assim, existem profundas disparidades regionais que persistem entre todas as populações, especialmente para as crianças.

Na região do Oriente Médio e Norte da África, 81% dos seropositivos infantis recebem terapia antirretroviral. Já na América Latina e nas Caraíbas, a percentagem cai para 46%, e na África Ocidental e Central para 32%.

O tratamento é usado no Sul da Ásia em 76% dos casos, enquanto que na África Oriental e Meridional este é usado em 58% da crianças.

Henrietta Fore apela a que seja dada mais atenção a esta situação, e relembra que mesmo em situação de pandemia este não deixa de ser um assunto de saúde pública de extrema importância. “Ainda não existe vacina contra o VIH”, relembra, numa altura em que as farmacêuticas lutam pela criação de uma vacina de combate ao novo coronavírus.

O número de mulheres grávidas a viver com VIH foi, em 2019, de 1,3 milhões, por isso estima-se que 82.000 crianças com menos de 5 anos foram infetadas durante a gravidez ou o parto, e 68.000 foram infetadas durante a amamentação.

O relatório apela ainda a todos os Governos para proteger, manter e acelerar o progresso na luta contra o VIH na infância, mantendo serviços de saúde essenciais e fortalecendo os sistemas de saúde.

ZAP //

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