Criança não vacinada morreu com sarampo. Já há uma corrida às vacinas no Texas

Public Health Image Library / CDC

A morte de uma criança que não estava vacinada, com sarampo no Texas, nos EUA, está a fazer soar os alarmes, e a levar a uma corrida à vacinação.

Foi a primeira morte por sarampo nos EUA desde 2015, segundo o jornal The Independent. “A criança em idade escolar não estava vacinada” e “testou positivo para sarampo”, revelou o Departamento de Saúde do Texas, citado pelo jornal.

Para já, não há mais registos de mortes associadas ao surto de sarampo que já conta com, pelo menos, 124 casos na região do Texas desde o final de Janeiro, afectando, maioritariamente, crianças e jovens entre os 5 e os 17 anos.

Destes, 18 casos precisaram de hospitalização e só cinco dos afectados estavam vacinados contra o sarampo, afiança o referido jornal.

O sarampo é altamente contagioso e teme-se que haja novos casos ainda não detectados. Já foram registados infectados em outros Estados vizinhos.

Algumas escolas fecharam devido ao aparecimento de estudantes doentes. E as autoridades estão a aconselhar os estabelecimentos de ensino a manterem as crianças não vacinadas em casa por, pelo menos, 21 dias, para não correrem o risco de serem infectadas.

Morte impulsiona corrida às vacinas

Os EUA, e o mundo em geral, vivem uma onda anti-vacinas que se está a expandir, muito por culpa de fake news sobre o assunto. O novo director do Departamento de Saúde dos EUA, Robert F. Kennedy Jr., culpou erradamente as vacinas pelo autismo, apontando teorias da conspiração desmentidas por vários estudos científicos.

Mas a directora de saúde pública do Texas, Katherine Wells, nota que já há pais “a recalcular” a rota e “a apresentar-se para a vacinação”, conforme declarações à Scientific American.

Em Lubbock, a cidade no noroeste do Texas onde morreu a criança não vacinada, iniciou-se uma campanha de vacinação contra o sarampo que está a ter forte adesão.

Em termos científicos, considera-se que, pelo menos, 95% das pessoas precisam de estar vacinadas contra o sarampo para que haja uma imunidade de grupo.

A cidade de Gaines, onde há o maior surto de sarampo, tem “uma das mais baixas taxas de vacinação infantil do Texas”, segundo a Scientific American.

Os políticos locais têm promovido várias medidas que visam limitar, ainda mais, a vacinação.

“Esta é a ponta do icebergue”

O grande receio, nesta altura, é que o surto de sarampo se torne mais grave.

A directora de estratégia da The Immunization Partnership, em Houston, uma organização sem fins lucrativos que defende o acesso às vacinas, acredita que “esta é a ponta do icebergue”, conforme declarações à Scientific American. Rekha Lakshmanan prevê que “isto vai piorar muito antes de melhorar”.

Alguns pais podem nem estar a levar os filhos ao médico, em situações de sintomas pouco graves. Portanto, pode haver casos não sinalizados, que continuam a infectar outras pessoas.

“Os infectados podem propagar a doença antes de apresentarem sintomas“, explica a Scientific American, salientando que o vírus pode ser “transportado pelo ar”, e que “pode permanecer até duas horas em ambientes fechados”.

O que é o sarampo e como se transmite?

O sarampo é uma doença provocada pelo vírus Measles morbillivirus, e é altamente contagiosa.

Os primeiros sintomas da doença incluem febre alta, tosse, corrimento nasal e olhos inflamados. Mas depois, aparecem pequenos pontos brancos no interior da boca – os chamados “sinais de Koplik”.

Seguidamente, dá-se uma erupção vermelha na pele que costuma começar no rosto, espalhando-se pelo resto do corpo.

A doença é transmitida pelo ar através da tosse e de espirros de uma pessoa infectada, ou pelo contacto com secreções nasais ou saliva.

Muitas das pessoas afectadas por sarampo, conseguem recuperar totalmente da doença. Mas, em alguns casos, podem surgir complicações graves, como pneumonia, encefalite (inflamação do cérebro) e infecções do ouvido, que podem mesmo causar a morte, sobretudo em crianças e em pessoas com os sistemas imunológicos enfraquecidos.

“Uma em cada 10 crianças desenvolve otites que podem levar à perda permanente de audição e cerca de 1 em cada 1.000 crianças morre de problemas respiratórios e neurológicos“, aponta a Scientifica American sobre o sarampo.

A vacinação é a principal medida de prevenção contra o sarampo.

ZAP //

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