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CPLP contraria Marcelo: não há volta atrás no Acordo Ortográfico

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Nuno Veiga / Lusa

Marcelo Rebelo de Sousa

Marcelo Rebelo de Sousa

O secretário executivo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), o moçambicano Murade Murargy, disse esta segunda-feira que não há volta atrás na questão do Acordo Ortográfico, considerando desnecessário o debate gerado nos últimos dias em torno desta questão.

“O acordo ortográfico está a seguir o seu caminho. Os países que ainda não ratificaram estão no processo de ratificação. Penso que é um debate desnecessário neste momento. As pessoas são livres de falar sobre isso, mas não há nenhuma controvérsia em relação ao Acordo Ortográfico”, disse o secretário executivo da CPLP.

“Moçambique e Angola estão a preparar-se para ratificar. Não vejo qual é o problema. Não há retorno”, acrescentou Murade Murargy.

O secretário executivo da CPLP falava aos jornalistas à margem da XI reunião Ordinária do Conselho Científico do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), que decorre na capital de Cabo Verde até quarta-feira.

O responsável da comunidade lusófona admitiu que é sempre preciso ajustar os instrumentos legais a cada momento, adiantando que se se revelar necessário, se fará uma revisão do Acordo.

“Se for preciso fazer uma revisão vai-se fazer, mas não porque o Acordo esteja mal elaborado. Se for necessário, se há certos ajustamentos que têm que ser feitos, serão feitos no momento próprio e dentro do contexto em que se verificar essa necessidade”, disse.

O debate torno do Acordo Ortográfico surgiu depois de o Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, ter dito, durante a sua deslocação a Moçambique, na semana passada, que, se países como Moçambique e Angola decidissem não ratificar o Acordo Ortográfico, isso será uma oportunidade para repensar a matéria.

O chefe de Estado disse ainda que o “cidadão Marcelo Rebelo de Sousa” não usa a nova grafia, mas que “o Presidente da República, nos documentos oficiais, tem de seguir o Acordo Ortográfico”.

O Acordo Ortográfico de 1990 tem sido adotado em ritmos diferentes nos Estados que integram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), estando à frente desse processo Portugal e Brasil.

O acordo já foi ratificado pelos parlamentos nacionais do Brasil, Portugal, Timor-Leste, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde.

Em Moçambique, a norma aguarda ratificação pelo parlamento e em Angola não foi regulamentado a nível governamental.

O acordo já tem o processo de adoção finalizado em Portugal, onde entrou em vigor a 13 de maio de 2015, apesar da oposição de grupos da sociedade civil.

ZAP / Lusa

14 Comments

  1. Ou seja, “As pessoas são livres de falar sobre isso”, mas terão que obedecer à imposição ditatorial ? Expliquem lá essa noção de liberdade?

    Só mesmo vindo de alguém pertencente a uma ditadura africana típica !

    “Volta atrás” há sempre para tudo … excepto para a morte! 🙁

    E então se as pessoas nem sequer obedecerem ao “aborto ortográfico” ele até se extingue por si … !

    • É isso! Somos livres de discutir, mas não de escolher… Liberdade…
      Nota: Tive de mudar o meu “nome” uma vez que a Zap me censurava os comentários (talvez se criticasse a direita, isso não acontecesse…).

    • Pois, a “Liberdade”… Sabem uma coisa, a liberdade exerce‑se simplemente, por exercê‑la. Faz‑se, implementa‑se, põe‑se em prática — é simples. Não se lamenta, não se proclama — faz‑se. Da mesma forma, escreve‑se como se acha mais lógico e inteligível. (Pois, convém uma língua ser inteligível.) De resto, deixamos os grandiosos políticos na lama do populismo ou da “burrocracia”.
      Eu, cá por mim, sempre fiz como achava melhor. Não vou deixar de o fazer, por nada e ninguém. Muito menos por um chamado “acordo” (acordado por quem? em consulta com quem? a tomar em consideração quem? pois…). A não ser que, por ventura (duas palavras), EU concorda. E você?

  2. O que se assiste, hoje, em Portugal acerca da ortografia, é tão só uma grande trapalhada. Pois, basta lermos vários artigos nos diferentes meios de comunicação para termos a ideia exacta. Por vezes no mesmo artigo, a mesma palavra chega a ser escrita de várias formas.
    Depois, sendo a língua assim como a sua escrita, propriedade de todos nós, a sua alteração ou modificação deveria ser submetida a referendo.

    • Concorso perfeitamente, mas, como o disse o secretário executivo da CPLP “Não vejo qual é o problema. Não há retorno” por isso… É assim: não escolhes mas tens de aceitar!

  3. Sou a favor do Acordo Ortográfico porque simplifica a língua e une-a. O mal começou com a reforma de 1911, que adoptou um modelo à francesa, com acentos com fartura, e com a tentativa de reforma e acordo de 1940. O Brasil continuou a memória dos seus pais fundadores e manteve a memória da ortografia portuguesa. Agora, que se alcançou um acordo, quando todas as tentativas anteriores falharam, não vamos criar mais confusão e desunião. Se querem reforma, voltemos ao modelo de base grega e latina anterior a 1911.
    Sou portuguez, sei o hymno nacional e viva o Brazil.

  4. Em Portugal mandam os portugueses e não os de fora. O acordo ortográfico vai contra a língua mãe levada pelos portugueses nos descobrimentos. Tem alguma lógica alterar regras básicas, que diferenciam o significado das palavras, para ir de encontro com as línguas descendentes do português? Atualizar-se sim, mas que eu saiba primeiro mandam os pais e depois os filhos quando forem pais também.

  5. Incompetência e submissão é a causa a que nos levaram os responsáveis por esta situação, mexe-se numa língua como quem muda de estilo de roupa. Também por cá alguns partidos se têm divertido a alterar valores culturais em nome de estilos de vida extravagantes.

  6. Pois… Mas segundo o “PTodos”, os brasileiros é que respeitaram a memório da ortografia portuguesa. Será que foi o Brasil que descobriu Portugal?…

  7. Não há volta atrás? Até parece que vivemos em ditadura… Há volta atrás e o comboio já está na linha, pronto a cilindrar o lóbi minoritário, que defende o aborto ortográfico contra a maioria dos portugueses, que são contra o “acordo”!!

  8. Claro que há volta a dar. Só a morte não tem volta… Isto já chegou longe de mais porque ninguém nos ajudou, o que indicia haver provavelmente interesses interesses mais ocultos. É evidente que o dito Novo Acordo é um verdadeiro aborto. Não tem a mínima razão de ser e não percebo mesmo como terá sido aprovado. A Língua é a identidade de um povo e não pode ser alterada por decreto ou pela vontade unilateral de um qualquer Governo, mesmo democrático e eleito nas urnas. A Língua Portuguesa é nossa propriedade, é a nossa alma, é a nossa razão de existir, por isso só nós Portugueses temos o direito de decidir se há ou não necessidade de promover alterações na sua estrutura ou não. Quanto a mim, não há. Portanto se alguém entende que existe necessidade de uma qualquer alteração, então essa alteração terá primeiramente que ser discutida com o povo português e depois devidamente referendado. Só assim será possível mexer na nossa Língua. E esse acordo terá que ser connosco e não com os outros que utilizam também a nossa língua como meio de comunicação, como é o caso dos países lusófonos. Até agora parece-me haver só um único interessado nesse acordo, e esse único país interessado é o Brasil. Devemos levar a nossa exigência de anulação do actual AO para a frente. Está em causa a nossa identidade e a nossa dignidade.

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