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A covid acabou com os fatos para homem?

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Vestir roupa formal não estava na moda há algum tempo; pandemia pode ter fechado esse capítulo. “Calças e camisa são o novo uniforme”.

Não se pode dizer que as roupas formais para homem tenham desaparecido no dia-a-dia. Mas pode dizer-se que as roupas formais para homem deixaram de ser tão frequentes nos últimos anos.

A noção de empreendedorismo, de empresas startup, por exemplo, criou directores e proprietários que, apesar de ocuparem lugares de topo na hierarquia de uma empresa, optam por vestir roupa designada informal, com calças de ganga e sapatilhas na lista.

Em casa ficam os fatos e os sapatos – e agora há muitas mais pessoas a trabalhar a partir de casa.

O que levou o jornal The Guardian a lançar a pergunta: a COVID-19 acabou com o básico da moda masculina?

números no Reino Unido que mostram que os fatos estão mesmo a desaparecer: desde 1947 que o Escritório de Estatísticas Nacionais incluía os fatos para homem na lista de 733 bens que são utilizados para o cálculo da inflação anual. Incluía. Deixou de incluir, no mês passado. Agora deram lugar aos blazers formais.

A família de Simon Cundey produz fatos à medida desde 1806. O negócio sobreviveu a três grandes crises globais do século passado: I Guerra Mundial, Grande Depressão e II Guerra Mundial.

Mas pode não sobreviver ao coronavírus: “A pandemia é, de longe, a pior crise que o negócio já enfrentou. É muito pior do que a Grande Depressão ou do que as guerras”, avisou Simon, que por outro lado acha que muitas pessoas dizem que odeiam fatos porque vestem tamanhos errados – hábitos que se criam ainda nos seus tempos de escola.

No entanto, tal como já foi referido, não foi a pandemia que fez “desaparecer” os fatos para homem. A formalidade no escritório já vinha a desvanecer-se e os fatos já estavam em declínio, comentou o especialista Nick Paget, que ao mesmo tempo tem noção que estar tanto tempo em casa, com qualquer roupa, “acelerou” esta tendência.

E, agora, muitos homens deixaram de ter receio de admitir aos seus superiores que querem ir para a empresa com a roupa que quiserem. “Eu próprio odeio vestir camisa de colarinho; e sei que não estou sozinho nisso”, disse Nick.

As empresas estão a sentir as consequências destas alterações. A conhecida Marks and Spencer tem 245 espaços – passou a vender fatos em menos de metade (110 lojas). O fato está em declínio na Marks and Spencer desde 2019, admitiu o director da empresa, Wes Taylor; nesse ano a quebra de fatos masculinos já rondou os 7%.

Alternativa? Começar a separar as peças: vender calças de fato separadas de casacos, permitindo misturas e combinações com roupas menos formais.

“Calças e camisa são o novo uniforme”, analisou Wes Taylor.

Há uma excepção: eventos, sobretudo casamentos. Aí a maioria dos homens continua a levar fatos “a sério”, roupa realmente formal.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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