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Costa para os portugueses: “Tiveram sorte de ter este Governo”

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Nuno Veiga / LUSA

António Costa ouve o hino nacional cantado por elementos de forças de segurança em protesto

Depois de ter sido confrontado com um protesto, primeiro-ministro falou sobre um Governo que “gosta de resolver problemas”.

O primeiro-ministro considerou hoje que os portugueses “tiveram a sorte” de contar com um Governo que “gosta de resolver problemas”, dando como exemplo o avanço da construção da Barragem do Pisão, no concelho do Crato (Portalegre).

“Eu não escondo que, dos cerca de 160 mil projetos que estão previstos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), nenhum deu mais dores de cabeça, nenhum exigiu maiores discussões, nenhum exigiu maiores esforços de compromisso, nenhum exigiu maior ginástica do que a Barragem do Pisão”, recordou António Costa.

“Não deve ter sido por acaso que o primeiro estudo (sobre a barragem) foi feito em 1957 e nunca ninguém a concretizou, mas há quem perante os desafios desista, há quem perante os problemas diz que o melhor é por-me ao lado e depois há quem gosta de resolver problemas e de enfrentar desafios. Tiveram a sorte de ter um Governo que gosta de resolver problemas e que gosta de enfrentar desafios”, acrescentou.

António Costa falava no Crato, no decorrer da cerimónia de assinatura do novo contrato de financiamento do Empreendimento de Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos (EAHFM) do Crato, projeto também conhecido por Barragem do Pisão, com a Estrutura de Missão do Plano de Recuperação e Resiliência.

Para o primeiro-ministro, a Barragem do Pisão “é uma grande oportunidade” para o Alto Alentejo e a escala que tem para a região tem a mesma “importância” que o projeto de Alqueva teve para os distritos de Évora e Beja.

“Também levaram décadas a discutir se se fazia Alqueva, não se fazia Alqueva, Alqueva vai ter um impacto terrível no ambiente, vão ter dificuldades porque para realizar o Alqueva vai ser necessário deslocar populações, realojar populações, foram décadas de desperdício de oportunidades e de riqueza produzida que teriam feito do Alentejo, no seu conjunto, uma região muito mais desenvolvida se mais cedo tivesse sido feito a Barragem do Alqueva”, recordou.

“Eu tive a felicidade de fazer parte do Governo liderado pelo engenheiro António Guterres que decidiu fazer a Barragem do Alqueva e tenho a felicidade de fazer parte do Governo que decidiu fazer mesmo a Barragem do Pisão”, sublinhou.

O projeto de construção da EAHFM do Crato, conta desde hoje com um reforço superior a 20 milhões de euros, face aos 120 milhões de euros iniciais.

Esta medida surge na sequência da atualização da reprogramação do PRR, tendo o projeto passado a ter uma dotação de 141,2 milhões de euros, bem como um reforço de 10 milhões de euros oriundos do Orçamento do Estado.

O projeto da EAHFM do Crato, que é gerido pela Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA), vai envolver um investimento total superior a 200 milhões de euros, dos quais mais de 141 milhões de euros estão inscritos no PRR.

O projeto inclui ainda a construção de uma central fotovoltaica flutuante, de 150 megawatts (MW), cujo investimento, no valor de cerca de 51 milhões de euros, não está inscrito no PRR.

Entre outras componentes, estão ainda contempladas no projeto, além da barragem e da central fotovoltaica, uma central mini-hídrica e canais da estrutura de regadio para a agricultura e sistema de abastecimento público de água.

De acordo com o Governo, a barragem vai permitir “regar cerca de 5.500 hectares”.

Segundo o cronograma submetido pela CIMAA à Comissão Europeia, as obras de construção da Barragem do Pisão estarão terminadas no final do ano de 2026.

A CIMAA indica ainda que a futura estrutura vai surgir numa área de 10 mil hectares, ficando submersa a aldeia de Pisão, que atualmente conta com cerca de 70 moradores e 110 casas.

A albufeira, uma reivindicação histórica da região, vai também garantir o abastecimento às populações dos concelhos de Alter do Chão, Avis, Crato, Fronteira, Gavião, Nisa, Ponte de Sor e Sousel, num total de cerca de 55 mil pessoas.

Protesto antes de entrar

Antes da cerimónia, ao chegar ao Crato, o primeiro-ministro foi recebido com um protesto de cerca de 30 elementos da PSP e GNR que reivindicam melhores condições salariais.

O governante, ao sair da viatura em que seguia, cumprimentou duas a três entidades locais e escutou, em sentido, o hino nacional cantado pelos polícias e militares em protesto, não tendo comentado a ação nem cumprimentado qualquer desses elementos.

Em declarações aos jornalistas, após cantarem o hino ao primeiro-ministro, António Barreira, da Associação de Profissionais da Guarda, disse que elementos da PSP e da GNR marcaram presença no Crato para mostrar ao governante que “não podem descer mais” na carreira, exigindo dessa forma “dignidade e respeito”.

“Queremos mostrar o nosso desagradado, dentro do respeito”, acrescentou.

António Barreira sublinhou que “não estão contra ninguém” neste protesto, mas que exigem o “reconhecimento” da profissão.

O representante da Associação de Profissionais da Guarda apelou ainda para que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, entre em contacto com os polícias que estão em luta, manifestando dessa forma um “ato de carinho”.

“Gostávamos que o senhor Presidente da República viesse ter connosco, seja aqui, seja na Assembleia da República, nem que seja para tirar uma ´selfie`, nós ficávamos contentes com esse ato de carinho”, disse.

Os polícias voltaram hoje, pelo sexto dia consecutivo, aos protestos, numa iniciativa que começou com um agente da PSP em frente à Assembleia da Republica, em Lisboa, e está a mobilizar cada vez mais elementos da PSP e da GNR, bem como da guarda prisional.

A contestação dos elementos da PSP e dos militares da GNR teve início após o Governo ter aprovado em 29 de novembro o pagamento de um suplemento de missão para as carreiras da PJ, que, em alguns casos, pode representar um aumento de quase 700 euros por mês.

Estes protestos surgiram de forma espontânea e não foram organizados por qualquer sindicato, apesar de existir uma plataforma, composta por sete sindicatos da PSP e quatro associações da Guarda Nacional Republicana, criada para exigir a revisão dos suplementos remuneratórios nas forças de segurança.

Os protestos dos polícias estão a ser organizados através de redes sociais como Facebook e Telegram.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Não se enxerga, mesmo! Quase metade da população em risco de pobreza, carradas de problemas na habitação, no ensino, na saúde, nas polícias, nos tribunais, o PRR por fazer… Que sorte a nossa! Obrigado, Costa, de nada!

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