Pedir mais 100 milhões para o Novo Banco é “de uma insensibilidade que raia a arrogância”

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Antigo vice-governador do Banco de Portugal, João Costa Pinto

O ex-vice-governador do Banco de Portugal considera “inconcebível” que o presidente do Novo Banco tenha dito que, no próximo ano, o banco pode vir a pedir mais 100 milhões de euros ao Fundo de Resolução.

Numa entrevista ao jornal Público, João Costa Pinto abordou as declarações do presidente do Novo Banco, António Ramalho, que já disse que se a injeção do Fundo de Resolução, este ano, for inferior aos 598 milhões de euros pedidos, em 2022 irá pedir mais 100 milhões.

Para o ex-vice-governador do Banco de Portugal, esta é uma posição “de uma tal insensibilidade (…) que raia a arrogância” e que, no fundo, o que a gestão do Novo Banco está a dizer à opinião pública é: “Está bem, se não pagam agora, pagam depois”.

Também questionado sobre a posição do CEO relativamente aos prémios destinados à equipa de gestão – que na comissão parlamentar de inquérito disse que se tratava de um erro mediático –, Costa Pinto disse também que foi uma observação “chocante”.

“É chocante. É a total falta de sensibilidade para o que está em causa. Mas eu compreendo que na atual fase seja a parte mediática que a todos preocupa. Eu avalio a questão dos prémios em duas vertentes: na óptica dos acionistas, é perfeitamente normal que este queira atribuir prémios aos gestores”, declarou.

“Ninguém tem dúvidas de que a gestão do Novo Banco é uma gestão experiente e até competente na defesa dos interesses do seu maior acionista. Ninguém pode negar isto. E, ao longo destes últimos anos, a gestão do Novo Banco nomeada pelo Lone Star tem demonstrado uma enorme tenacidade a procurar as condições que permitem uma ativação rápida do mecanismo de capital contingente, que procura utilizar no valor máximo possível”, continuou o ex-vice-governador do BdP.

No entanto, “é evidente que isto resulta da perversidade do mecanismo constituído. Esta é uma perspetiva. Mas há outra, que é a perspetiva do cidadão. E aí eu tenho uma grande dificuldade em entender a falta de sensibilidade que revela num contexto como este, que se atribuam prémios”.

Na mesma linha da insensibilidade, Costa Pinto diz ter “dificuldade em entender” que Ramalho venha falar na possibilidade de comprar bancos, como o Eurobic, e defende que “há linhas que não deviam ser cruzadas”.

ZAP //

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