António Costa lamenta a ausência de uma posição comum europeia sobre a vacina da AstraZeneca e defende poderes reforçados para a Agência Europeia do Medicamento (EMA), advertindo que não se deve colocar em causa a vacinação.
Estas posições foram assumidas pelo primeiro-ministro no final de uma visita ao Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, em que esteve acompanhado pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, depois de questionado se vai tomar a segunda dose da vacina da AstraZeneca.
António Costa disse que vai seguir as indicações médicas e espera tomar a segunda dose de uma vacina contra a covid-19 no dia 10 de maio.
“No âmbito da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, a ministra da Saúde, Marta Temido, promoveu uma reunião com todos os homólogos e com a Comissão, tendo em vista uma posição conjunta de todos os Estados-membros. Tenho muita pena que não tenha sido possível haver essa posição comum [em relação à vacina da AstraZeneca], porque isso reforçava a confiança de todos”, disse o líder do executivo.
Perante os jornalistas, o primeiro-ministro advertiu que terão de ser introduzidos “ajustamentos” no plano de vacinação nacional, já que poderão “sobrar algumas doses da vacina da AstraZeneca enquanto se mantiverem as atuais contraindicações”.
“Devemos ter confiança nas instituições e seguir as instruções”, declarou, antes de criticar a falta de integração de competências da União Europeia na área da saúde.
“O que está a acontecer é um bom exemplo de como tínhamos toda a vantagem no sentido de integrar competências na União Europeia, porque a EMA dispõe de muito maior informação do que qualquer um dos Estados-membros. E quanto maior for a informação melhor é a qualidade da decisão a tomar”, sustentou.
Nesse sentido, António Costa referiu que a União Europeia deve retirar algumas “lições” do que se está a passar no presente e que “importa reforçar as competências da EMA” a prazo.
“Caso contrário, então também não faz sentido a existência desta agência europeia, sobretudo se decide uma coisa e, depois, cada Estado-membro pode fazer o que quiser de forma diversa. Apesar de tudo, no caso da AstraZeneca, há uma tendencial convergência em torno de uma faixa etária, com restrições abaixo dos 60 anos”, observou.
Segundo o primeiro-ministro, na atual conjuntura de pandemia de covid-19, “é fundamental não interromper, ou colocar em causa, o processo de vacinação, porque é mesmo a única forma de combater de forma eficaz” a doença.
“Há dados muito evidentes nesse sentido. Como sinalizou a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, pela primeira vez desde o início da epidemia, houve uma semana inteira sem mortes a registar em residências para idosos”, apontou.
Neste ponto, António Costa acrescentou que as pessoas com mais de 80 anos, que já tiveram pelo menos uma dose da vacina, já não estão no grupo mais atingido pela epidemia”.
“Isto significa que a vacina produz efeitos”, frisou.
Costa revela que fez teste serológico e está imune à covid-19
O primeiro-ministro anunciou esta sexta-feira que fez um teste serológico e está imune à covid-19, avançou o Correio da Manhã.
A revelação foi feita no final de uma visita de mais de uma hora por todos os espaços em que estão a decorrer obras de restauro e de conservação no Teatro Nacional de São Carlos (TNSC).
António Costa foi vacinado em fevereiro com a vacina da AstraZeneca e disse estar ansioso pela segunda toma da vacina mesmo depois de toda a polémica em torno da mesma. “Estou convosco, também tomei a primeira dose da vacina. Anseio pela segunda”, disse. Mas, mesmo sem a segunda dose já estará imune à doença.
O primeiro-ministro ficou em isolamento profilático no Natal, embora tenha testado negativo à covid-19, depois de ter contactado com o presidente de França, Emmanuel Macron, que testou positivo ao novo coronavírus.
ZAP // Lusa