O debate entre António Costa e Rui Rio, esta quinta-feira, foi o único frente-a-frente que os dois candidatos vão ter antes das eleições legislativas.
Foi o líder do PSD que teve a palavra pela primeira vez, sendo confrontado pela moderadora Clara de Sousa sobre a falta de uma estratégia de oposição mais assertiva.
“Perante a pandemia obviamente abrandámos a oposição. Não estou nada arrependido”, disse Rui Rio, antes de defender que “não é verdade que não tenhamos apresentado diversas propostas alternativas”.
Quando desafiado a salientar os “falhanços” do Governo socialista, Rio falou dos falhanços ao “nível da economia” e ao “nível dos serviços públicos”, particularmente no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Rio preocupa-se muito com os números e isso tornou-o menos sensível às pessoas”, atirou António Costa.
O social-democrata contra-ataca: “Não é claro relativamente aquilo que faz em todos os cenários possíveis. António Costa diz que se perder, sai. Mas a minha questão é: se ganhar com maioria relativa, o que é que faz?”.
Sendo “incapaz de reeditar a geringonça”, Rio diz que “talvez [António Costa] saia e vamos ter outro primeiro-ministro e tudo indica que venha a ser Pedro Nuno Santos”. “Teríamos o Bloco de Esquerda mesmo no Governo. Isso é um perigo para o país”, acrescentou Rio.
Seguido das palavras de Rio, o primeiro-ministro foi questionado sobre o que fará se tiver maioria relativa — com quem dialoga?
“Se não tiver a maioria absoluta não viro as costas aos portugueses. Irei conversar com os partidos na Assembleia da República e, ou no modelo clássico do engenheiro Guterres” ou noutro, Costa diz que governará. “Desde que não perca as eleições cá estou para encontrar uma boa solução de Governo”, atirou o socialista.
“Não esqueço que um partido, o PAN, não contribuiu para esta crise”, sublinhou Costa.
Já Rui Rio foi questionado sobre o porquê de querer baixar primeiro o IRC e só depois o IRS.
“Temos de tratar das empresas, são elas que criam emprego. Temos de dar um empurrão no sentido positivo. Se eu quisesse ganhar as eleições mais rapidamente fazia o contrário, mas o contrário seria persistir nos erros do PS”, disse o líder da oposição.
Rui Rio lembrou ainda que Portugal tem sido constantemente ultrapassado pelos países do leste europeu, até alguns da ex-URSS.
Em resposta, Costa diz que conseguiu que as empresas poupassem mais de 3 mil milhões de euros da taxa de IRC desde que é Governo e que “as famílias pouparam nestes seis anos 6.772 milhões de euros”.
Costa promete ainda “uma redução muito forte do IRS para todas as famílias que têm filhos” e também do IRS jovem.
Rio retalia e diz que o país tem uma das maiores cargas fiscais da UE e um dos “mais baixos salários líquidos à escala europeia”.
“Toda esta linha que foi seguida, que deu os resultados que conhecemos, é a linha que vai continuar”, sublinhou Rio, lembrando o percurso do chefe do Executivo como ministro de António Guterres e José Sócrates.
Na vez de falar de António Costa, o socialista disse que a proposta do PSD para o IRC é “errada”.
Além disso, disse que Rio era “incoerente” porque “em dois anos perdeu metade da vontade de reduzir impostos e já aumentou a vontade em 30% de aumentar a dívida publica”. Há um ano, Rio dizia que ia reduzir impostos em 11,5% e há dois anos dizia 25%.
“Sabe o que aconteceu nos últimos dois anos? Tivemos uma pandemia. Não era sério se viesse dizer a mesma coisa”, respondeu Rio.
Quanto à questão do salário mínimo nacional, Rui Rio salientou que aumentar sistematicamente, por decreto, o salário mínimo nacional, sem se preocupar com o salário médio, é um erro.
“A mediana dos salários é 900 euros. É a segunda pior mediana da Europa. Pior do que nós só a Bulgária. É este o país que nós queremos?”, atirou Rio. “É um PS muito à esquerda, a empobrecer o país e a pagar salários de miséria”.
Por sua vez, Costa diz que “há um consenso, incluindo dos empresários, que é preciso aumentar salários”. O primeiro-ministro mostrou um gráfico e disse que o objetivo é chegar à média da UE, com uma subida de 20% dos salários.
Com António Costa a insistir por várias vezes no Orçamento do Estado para 2022, Rio diz que “a seguir à descoberta do caminho para a Índia deve ser a coisa mais importante do país” para o seu adversário.
Relativamente aos salários da função pública, Costa diz que a massa salarial na Administração Pública vai subir 3% em 2022 e salienta que a revisão da tabela geral será tratada com os sindicatos.
“Temos de otimizar os recursos. Há mais funcionários públicos e os serviços públicos estão cada vez piores. Os serviços públicos têm-se degradado com o PS”, ripostou o líder social-democrata.
Na área da Saúde, António Costa estabeleceu como objetivo imediato “um médico assistente” e até ao final da legislatura, “garantir que o maior número de portugueses tem médico de família”.
“Médico de família é promessa não cumprida de Costa”, afirmou Rui Rio.
Embora admita ter falhado a promessa, Costa diz que temos um “SNS mais forte e robusto”.
Rui Rio diz que é “defensor de um SNS e de uma Segurança Social no público”, mas que também não está à espera que o privado entre para perder. O ex-autarca portuense exigiu ainda o mesmo nível de produtividade entre hospitais públicos e privados.
A Justiça também foi tema neste debate, discutindo-se as alegadas injustiças entre ricos e pobres.
“A capacidade que a Justiça tem para responder aos desafios país é fraquíssima. Conhecemos a morosidade da Justiça. Conhecemos os julgamentos populares. Conhecemos a alta corrupção. Temos prescrições permanentes. O retrato da Justiça é mau. É mau não reconhecermos que ele é mau”, disparou Rio.
Costa, por sua vez, diz que é essencial “reforçar a confiança na Justiça” e assumiu que “é verdade que o nível de pendência é dramático e temos de reformar a justiça administrativa e fiscal”. Acrescentou ainda que as propostas do PSD “visam subordinar o Ministério Público”.
“André Ventura era capaz de não fazer uma intervenção muito diferente”, retaliou Rio. “O CSMP não controla as sentenças. O que dizemos é uma coisa muito simples: não deve haver uma maioria de magistrados. Tem tendência para o corporativismo. Precisamos de transparência”.
Confrontados com a situação da TAP, os ânimos exaltaram-se. “A TAP não liga nada. Serve de forma indecente inclusive o aeroporto de Lisboa”, disse Rio, sublinhando que mediu as palavras que usou.
O líder social-democrata mostrou ainda uma folha com os preços de uma viagem entre Madrid e São Francisco, com escala em Lisboa, por 190 euros. Por outro lado, uma viagem entre Lisboa e São Francisco estava pelo preço de 697 euros, afiança. “Isto é revoltante. É admíssivel? É gravíssimo. É para isto que os portugueses estão a dar dinheiro”, disse.
Costa assumiu que “há outras companhias interessadas em comprar 50% da TAP” e que não há razões para o plano de reestruturação da TAP falhar.
Não é verdade que Portugal tenha uma carga fiscal excessiva. Prova disso é que os portugueses gastem anualmente 8,5 mil milhões de euros em apostas, o que representa cerca de 75% do orçamento da saúde. Ora se podemos atirar pela janela fora tanto dinheiro, também podemos pagar mais impostos para garantir o bom funcionamento do SNS e da justiça. Ou será que preferimos raspadinhas a um atendimento rápido e de qualidade nos nossos hospitais? Agora é óbvio que um aumento de impostos terá de incidir sobre os mais ricos e não sobre os mais pobres. Mas ou aumentamos a carga fiscal ou vamos continuar a ter um SNS e uma justiça ao nível do terceiro mundo. É isso que Rui Rio quer?…
Existe muitos ditos ” Ricos” que para o ser têm dois ou três trabalhos, trabalham 16 ou mais horas por dia de segunda a sábado quando não é 7 dias por semana.. Enquanto que existe muitos ditos “Pobres” que limitam.se a trabalhar 7 ou menos horas por dia, 5 dias por semana. Parece-lhe justo esses ditos ricos terem de pagar mais do que os outros em impostos??? Portugal está na cauda da Europa por que os seus políticos e pessoas como o sr não percebem que o que dinamiza um país são pessoas empreendedoras, dinamizadoras e trabalhadoras e não pessoas acomodadas e ao taxar cada vez mais essas pessoas, elas acabam por esmorecer e ou emigram ou também se acomodam perpetuando o marasmo em que este pais vive.
Bem verdade; é impossível não concordar!…
Assino por baixo.
Para comparares a estrada da beira com a beira da estrada só podes mesmo ser de uma esquerda enviesada…
Para dizeres que podemos pagar mais impostos, das duas uma: ou não fazes nada e recebes o RSI ou deves ser trabalhador do estado…
Vai mamar na quinta pata do cavalo mais os impostos e carga fiscal que temos…
Aparentemente poderíamos pagar mais 8,5 mil milhões de euros em impostos, que é o que pagamos em apostas. Como o dinheiro das apostas não nos beneficia em nada, esse dinheiro para os impostos nem seria um sacrifício…
Por estes comentários é que se percebe porque é que o PS continua a governar.
Entre manter a funguice da estrutura económica actual em que o peso da carga fiscal é o segundo maior da Europa (% sobre o PIB que é isto que interessa) e em que, com a indução que a esquerda fez que somos um país rico em que importa é distribuir riqueza e uma posição clara sobre o facto de que estamos em PENULTIMO na riqueza produzida entre os vários países da UE, continuamos a apostar no em quem propaga que distribui riqueza… que não há!
Isto parece os governos do fim da monarquia e 1ª república em que o que interessava era o que se dizia e não o que se fazia.
Uma teoria simples e concisa macroeconómica é que sem riqueza não pode haver distribuição e a estrutura PRODUTIVA deste país tem que ser reestruturada ou, á boa maneira da tradição PS “é preciso é gerir a dívida” ou vamos esperar pela “bazuca” para distribuir riqueza sem reformar e estrutura de produção… mas como já estamos habituados ás intervenções cíclicas do FMI/troika, está tudo certo e “lá vamos cantando0 e rindo” como o sr Costa que acabou a entrevista a rir e a mostrar o OE 22, qual panaceia para os problemas do país.
“em que o peso da carga fiscal é o segundo maior da Europa (% sobre o PIB que é isto que interessa)”
Como é que alguém que escreve estas barbaridades pode ser levado a sério?!
Essas teoria veio de onde? Do Facebook??
SOBRE IMPOSTOS – Estamos conversados.
Com o PS os aumentos de impostos vai continuar. Cria uma salário mínimo mas quem paga é o estado, ou seja, todos nós!
Com o António Costa a deturpar o que dizem os opositores, com o costa não existem reformas estruturais, logo o país não anda para a frente. O Costa mente continuamente deturpando as verdades que estão à vista de todos os portugueses.
Este indiano com nacionalidade portuguesa, não tem nem nunca terá estatuto de “Estadista”.
Mas entretanto vai destruindo este país…, já falta pouco!
É tempo dos portugueses acrdarem. E já vão tarde.