Costa deixa aviso sobre Autoeuropa

Rui Minderico / LUSA

António Costa

Fábrica da Volkswagen pára hoje: “Peso enorme no crescimento do nosso PIB e nas nossas exportações”.

A fábrica de automóveis da Volkswagen Autoeuropa, em Palmela, inicia hoje, segunda-feira, uma paragem de produção de nove semanas que já provocou o despedimento de centenas de trabalhadores precários.

Além dos 100 trabalhadores precários dispensados pela fábrica de automóveis do grupo alemão Volkswagen, há várias empresas do parque industrial que também já anunciaram a intenção de dispensar dezenas de trabalhadores temporários ou com contratos a termo.

Segundo a Coordenadora das Comissões de Trabalhadores do parque industrial, até à passada sexta-feira a Autoeuropa e as empresas fornecedoras já tinham confirmado o despedimento de 291 trabalhadores precários.

O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITE-Sul) garantiu, no entanto, que já tinha conhecimento de um total de 560 despedimentos.

A paragem de produção na fábrica de automóveis da Autoeuropa, em Palmela, no distrito de Setúbal, de 11 de setembro a 12 de novembro, deve-se às dificuldades de um fornecedor da Eslovénia, que foi severamente afetado pelas cheias que ocorreram no início do mês de agosto naquele país.

A Autoeuropa, que decidiu recorrer ao `lay-off´ durante a paragem de produção, vai assegurar o pagamento de 95% dos salários aos seus trabalhadores, mas há diversas empresas do parque industrial que se preparam para aplicar cortes salariais de 5%, 10% e 33%.

Aviso do primeiro-ministro

O primeiro-ministro antecipou que a suspensão da atividade na fábrica da Autoeuropa terá um impacto negativo no produto e nas exportações nacionais, salientando tanto os sucessivos choques económicos no mundo, como a crescente interdependência.

Esta posição foi transmitida por António Costa no final de um almoço com empresários nacionais investidores no Chile, depois de questionado sobre as perspetivas de estagnação e até de recessão em alguns Estados-membros da União Europeia (UE).

“Estamos a assistir a choques sucessivos e o mundo tem aguentado bastante melhor do que aguentou no passado. Nas economias europeias, só agora algumas começaram a entrar em situação de estagnação ou até de recessão. Portugal, felizmente, não está ainda em nenhuma dessas situações – e esperemos não vir a estar”, declarou.

Logo a seguir, o primeiro-ministro observou que as economias estão muito interligadas e deu então como exemplo o facto de uma cheia na Eslovénia ter privado a Autoeuropa de peças fundamentais para a sua laboração.

“Terá de interromper a sua laboração durante dois meses. Dois meses de interrupção de laboração na Autoeuropa terão um peso enorme no crescimento do nosso produto [interno bruto, PIB] e nas nossas exportações”, frisou.

Uma situação que, segundo António Costa, resulta “obviamente da interdependência que existe e de fatores absolutamente externos”.

“Não tem a ver com a situação de Portugal, nem com a fábrica em Palmela, mas com as cheias na Eslovénia. Podia ter acontecido o inverso”, referiu.

O líder do executivo indicou que há muitas das fábricas portuguesas que produzem componentes para a indústria automóvel.

“Creio que hoje não há nenhum carro em circulação na Europa que não tenha pelo menos uma peça produzida em Portugal. Essas fábricas portuguesas podiam ter paralisado fábricas em outros países em resultado de uma cheia em Portugal”, completou.

De acordo com o primeiro-ministro, está a viver-se um momento “muito desafiante” no plano económico.

“Mas o mais importante é que os responsáveis económicos vão alinhando posições de forma a que nos ajudemos todos mutuamente, tendo em vista sairmos desta sucessão de choques de grande impacto da melhor forma”, acrescentou.

// Lusa

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