Um grupo de docentes da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e investigadores do CINTESIS defendem que o número de vítimas mortais registado durante este período é muito superior ao normalmente reportado.
Segundo noticiou o Expresso, os autores do estudo analisaram os dados e os fenómenos registados durante a última década, concluindo que há pelo menos mais 600 vítimas mortais acima do que seria expectável para este período do ano.
Seguindo essa conclusão, se às 600 forem retiradas as 100 pessoas que morreram por covid-19 – número divulgado no sábado, no domingo eram 119 -, sobram 500 óbitos.
“Estes 500 deverão ser divididos, pelo menos, em quatro tipos de situações: óbitos por covid-19 não diagnosticados; óbitos que, tendo sido evitados em fevereiro, vieram a verificar-se em março (explicado anteriormente); óbitos por outras condições que, fruto da situação atual, acabam por não ser evitadas; ou simplesmente óbitos que já iriam acontecer nesta altura e que são imprevisíveis”, explicou o grupo, coordenado por Jorge Félix Cardoso.
De acordo com os investigadores, olhando para o número de mortos registados por mês desde 2009, “os dados de mortalidade diária em março de 2020 não podiam ser mais excecionais” e 2020 tornou-se o “único ano dos últimos 12 com tendência de aumento [de mortalidade em março]”.
“Mais ainda, considerando que o aumento de mortalidade se começa a verificar apenas no fim de semana de 08 de março, o declive destas últimas três semanas é ainda mais acentuado – e mais excecional – do que o que aqui apresentamos”, continuaram os autores.
“Se usarmos a média dos primeiros 7 dias de março (aproximadamente 300 óbitos dia) como valor de referência para o resto do mês (corresponde a um declive de zero), então o número total de óbitos esperados até ao dia 27 seria de 8100 (300 mortes por dia durante 27 dias)”, indicaram
E acrescentaram: “Neste momento temos um total de 8700 óbitos, o que corresponde a aproximadamente 600 mortes acima dessa expectativa, ou cerca de 7% de excesso de mortalidade. Destas 600 mortes, 100 encontram-se associadas à covid-19 (segundo o Relatório de Situação Nº 26, emitido a 28 de março pela DGS, e que traz todos os dados até às 24h de dia 27 de março), ficando 500 óbitos por justificar”.
A diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, garantiu há dias que todas as mortes de quem tenha sido diagnosticado covid-19 estão a ser registadas como vítimas do coronavírus.