Coronavírus: pico da quinta vaga já passou, em Portugal

Mário Cruz / Lusa

Opinião de especialistas sobre número de casos no total e em crianças. Mesmo assim, não será em Fevereiro que as medidas devem abrandar.

A denominada quinta vaga da COVID-19 já terá atingido o seu pico, em Portugal. Esse topo aconteceu na semana passada, especialmente entre quarta e sexta-feira.

Ao longo desses três dias foram anunciados entre 63 e 65 mil novos casos por dia, com a média dos últimos sete dias a subir até perto de 56 mil casos no fim-de-semana. Desde sábado que o número de novos casos tem descido.

Embora seja normal o gráfico baixar ao domingo e à segunda-feira, o facto de o número de casos diários ser sempre inferior ao mesmo dia da semana, sete dias antes, este decréscimo na variação homóloga e a aparente estabilização dos números podem apontar para um pico superado.

Fernando Baptista, professor e investigador do Instituto Politécnico de Leiria, disse à rádio Observador que esta estabilização da curva já se iniciou nos dias 22 e 23 de Janeiro.

Um facto importante para o travão nos números é a diminuição de casos positivos entre crianças com menos de 9 anos, que estavam a ser um “centro” de contágios para adultos.

“Temos claramente um pico bem definido em termos de casos pediátricos. Nas crianças entre 0 e 9 anos houve redução de 12 por cento nos casos acumulados a sete dias. É natural que esta descida se propague às restantes faixas etárias“, considera Óscar Felgueiras, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

O especialista vê o índice de transmissibilidade (Rt) do coronavírus a baixar para menos de 1 e acredita ainda numa descida rápida de infecções a partir de agora.

“O mais previsível é que haja uma descida rápida. Na Madeira, por exemplo, houve uma descida bastante pronunciada: em duas semanas, a incidência semanal desceu cerca de 50 por cento. Não quer dizer que o ritmo no Continente seja exactamente esse, mas certamente teremos em breve um ritmo de descida relativamente rápido”, analisou.

Já Carlos Antunes, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, não acredita nessa descida rápida, enquanto Gustavo Tato Borges, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, afirmou que é cedo para aliviar restrições, que já são ligeiras: “A onda ainda não terminou e durante este mês, e até termos evidências concretas de descida dos números, devemos manter estas medidas“.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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