Os comentários do líder socialista estão a ser criticados dentro do partido por nomes como José Luís Carneiro ou Ana Catarina Mendes — mas também há quem saia em sua defesa.
As declarações do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, sobre a imigração estão a dividir os socialistas. Em entrevista ao Expresso, o líder socialista admitiu erros do PS na gestão da imigração e revelou que mudou a sua opinião sobre o fim da manifestação de interesse, sendo agora a seu favor, e frisou a necessidade de os imigrantes respeitarem a cultura portuguesa.
Enquanto figuras como José Luís Carneiro, Eurico Brilhante Dias e Ana Catarina Mendes criticaram a abordagem, outros, como Ana Gomes e Francisco Assis, elogiaram a coragem do líder em abordar o tema.
José Luís Carneiro, antigo ministro da Administração Interna, discorda de Pedro Nuno Santos, sobre o “efeito de chamada” criado pela manifestação de interesse, afirmando ao Público que o aumento de imigrantes resulta antes crescimento económico.
Já Eurico Brilhante Dias, vice-presidente da bancada parlamentar do PS, fala num “momento menos bom” do líder socialista, que “confundiu factos, alimentando perceções que são erradas”. “É um discurso de quem quer dividir. Essa não é a nossa linguagem”, afirmou à SIC Notícias.
Do lado de Ana Catarina Mendes, ex-ministra responsável pela imigração, há “perplexidade” com a posição de Pedro Nuno. Em resposta à Renascença, a eurodeputada afirma que qualquer ideia de “aculturação” é contrária aos princípios defendidos pelo partido e lembra que a manifestação de interesse é defendida pelo PS há 30 anos.
Mas há também quem defenda a posição do líder. Francisco Assis, também eurodeputado, afirma ao Público que as declarações do líder do PS são corajosas e saúda o debate “livre e sério” que suscitaram “no interior do PS”.
Ana Gomes, por sua vez, elogiou Pedro Nuno Santos por assumir erros do PS e por abordar a questão com uma perspetiva “à esquerda”. “É bom que Pedro Nuno Santos diga o que é preciso dizer e que isso não é virar ao centro nem à direita: é virar à esquerda e assumir responsabilidades”, considera a socialista, que concorda com a exigência de que os imigrantes “respeitem as nossas leis e direitos”.
Na reação às críticas, Pedro Nuno Santos respeita a divergência e frisa que o partido está “alinhado” no essencial.
O líder socialista também rejeita as acusações do ministro da Presidência, António Leitão Amaro, que considerou as afirmações de Pedro Nuno “uma cambalhota monumental”. “Não há nenhuma contradição. Não há nenhuma cambalhota. O tema é complexo e deve ser discutido em toda a sua complexidade, e não de forma como muitos têm feito”, defende.
Não percebo…
Há duas semanas não havia problemas com a emigração e fez-se a marcha em defesa dos emigrantes, contra o preconceito, a xenofobia, a polícia, etc.
Agora, afinal, há problemas com a emigração???
Hipócritas. Eles sempre quiseram uma política de portas abertas , criticavam o Chega que dizia exactamente o que ele disse desta vez . Sendo assim também passaram a ser racistas e xenófobos?
Ambas as duas… 🙂
O pensamento está correto. Partilhá-lo é um ato de coragem, e não só.
As palavras usadas correspondem-lhe, mas deixam espaço a dúbias interpretações.
Com políticos, permanentemente sob impiedoso escrutínio não devia, mas acontece.
Enfim, já dizia a minha avó, “há um falar e dois entenderes, quando há dúvidas, esclarecem-se”