Contra os efeitos negativos da energia solar nos terrenos, os agricultores apostam na pastagem de ovelhas

 

Através de um projeto piloto, agricultores conseguiram identificar melhorias na qualidade das pastagens, mas também na lã das ovelhas.

A implementação de painéis solares num terreno está dependente de três indicadores principais: este ser, ter uma dimensão e ser esbanjado por uma por uma boa quantidade de sol. No entanto, uma nova vantagem inesperada surgiu desta tecnologia. Segundo o site Interesting Engineering, uma experiência realizada em New South Wales, na Austrália, o gado prospera nestas terras, daí que os produtores solares aluguem frequentemente as terras agrícolas para estabelecerem as suas operações.

A energia solar é vista por muitos como o futuro da energia limpa, de forma a que a população mundial continue a viver sem ameaçar o futuro do Planeta. No entanto, os benefícios ambientais proporcionados pela energia solar podem acontecer à custa de uma produção agrícola diminuída, daí que os envolvidos tenham procurado formas de combater o prejuízo. A solução, ao que parece, pode passar por juntar o melhor de dois mundos.

Os agricultores que participaram na experiência descreveram o arranjo como uma situação “win-win completa” (expressão em inglês para descrever uma situação em que ambas as partes de um acordo vencem), uma vez que as ovelhas ajudaram a manter a erva e as ervas daninhas em níveis baixos para que os painéis não perdessem a sua eficiência, enquanto que os painéis impediram que o solo secasse e proporcionaram sombra.

Além disso, e de acordo com alguns dos produtores, o pastoreio das ovelhas sob explorações solares resultou também num aumento da qualidade e quantidade de lã.

Como parte da experiência, alguns agricultores arrendaram  partes das suas terras a empresas de exploração solar na qual cerca de 250 ovelhas pastaram entre painéis solares. No final, argumentaram que o arrendamento das terras e a pastagem das ovelhas aumentou o rendimento, com a capacidade da terra a aumentar também em cerca de 25%.

Embora não tenham notado de imediato um aumento na quantidade de lã, a verdade é que tal aconteceu também. “Será devido às condições em que as ovelhas estão a viver”, disse um dos envolvidos ao ABC. “Está relativamente limpa, sem rebarbas, sem pó. Há muito, muito pouca contaminação da lã e elas também estão protegidas do sol”.

Além disso, os rebanhos foram capazes de pastar durante quase todos os anos de seca, uma vez que a condensação da água nos painéis solares durante as manhãs, assim como o escorrimento para o solo, mantinham alguns dos pastos verdes.

Esta experiência tem agora que ser apoiada por pesquisas científicas de larga escala para se descobrir se a localização da agricultura e da energia fotovoltaica pode ser conseguida com efeitos ambientais mínimos. Depois, podem ser realizados mais estudos sobre a possibilidade da coexistência da energia solar e eólica com a agricultura.

Entretanto, os cientistas estão apostados na agrovoltaica, área onde a tecnologia solar se encontra com a agricultura tradicional. Nestes sistemas, os painéis solares são instalados a um nível superior para que as plantas possam crescer por baixo deles, maximizando a produtividade da terra.

Um estudo da Universidade do Arizona, baseado numa investigação detalhada da luz solar, temperatura do ar e humidade relativa, descobriu que as atuais terras de cultivo são as “coberturas de terra com o maior potencial de energia solar fotovoltaica”.

ZAP //

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