A anunciada contra-ofensiva da Ucrânia não se vê. “Nunca se tem o suficiente”

Sergey Dolzhenko / EPA

Volodymyr Zelenskyy repete que a Ucrânia quer mais armas – mas pode estar a tentar enganar Vladimir Putin.

Há meses que se fala sobre um contra-ataque da Ucrânia em direcção à Rússia, na guerra que se prolonga há mais de um ano.

O Comando Sul do Exército ucraniano comentou, no final de Abril, que essa contra-ofensiva já tinha começado, “lentamente, com passos pequenos mas seguros”.

Poucos dias depois, o Grupo Wagner avisava que essa contra-ofensiva pode ser uma “tragédia” para o lado russo.

Entretanto autoridades pró-russas avisavam que a Ucrânia iria começar a atacar no dia 9 de Maio.

Mas o dia 9 de Maio passou, as semanas e os meses vão passando, e nada se vê no terreno, pelo menos a larga escala.

Obviamente nunca foi anunciada uma data. Por estratégia, por segurança. É preciso “mais algum tempo”, afirmou Volodymyr Zelenskyy.

O presidente da Ucrânia continua a pedir mais armas. E mais armas não são apenas mais munições.

“Estamos a falar de pacotes sérios, não de fantoches, de pacotes sérios e poderosos, porque as sanções também são uma arma. Porque as sanções afectaram a economia russa. Não importa como eles contornem, a produção de armas na Federação Russa desacelerou. É um facto”, atirou.

No entanto, há especialistas que acham que esta é uma tentativa de enganar Vladimir Putin, de tentar que os russos pensem que a estratégia ucraniana está atrasada.

O canal Euronews foi à procura da resposta à pergunta: porque ainda não começou – a sério – o contra-ataque da Ucrânia?

Primeiro motivo provável: munições. “Nesta situação, nunca se tem o suficiente. Em termos simples, é sempre melhor ter mais, especialmente munições. Ambos os exércitos estão com falta de tudo”.

“É possível que as munições sejam actualmente a razão pela qual Zelensky ainda quer esperar antes de arriscar a vida dos seus soldados”, descreveu Simon Schlegel, analista sénior do International Crisis Group.

Neil Melvin, Director dos Estudos de Segurança Internacional do Royal United Services Institute, acrescenta uma perspectiva: “Temos de entender o que é exactamente uma contra-ofensiva”.

“Acho que, muitas vezes, as imagens onde todos os tanques estão a avançar são um choque. Mas, na verdade, a própria contra-ofensiva é um processo de longo prazo. E acredito que a contra-ofensiva já começou”.

“O que os ucranianos estão a tentar fazer é moldar o campo de batalha enquanto empurram as forças russas em diferentes direcções. Tentam encontrar lacunas, estão a sondar. Movem as suas forças”, comentou o especialista.

Seguindo esta tendência, refira-se que, além do envio de novas armas, há muitos militares da Ucrânia a serem treinados por especialistas de outros países, para estarem mais bem preparados no confronto directo com os russos.

ZAP //

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