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Contra o racismo e a “ideologia de género” marchar. A revolta (sem partidos?) sai hoje à rua

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Miguel A. Lopes / Lusa

Populares em protesto junto à Assembleia da República.

Este sábado vai ficar marcado por manifestações em várias cidades do país. De um lado teremos um protesto anti-racismo e do outro uma “marcha silenciosa” contra a “ideologia de género” nas escolas.

As manifestações que estão convocadas para várias cidades são definidas como “apartidárias”. Contudo, é patente que abordam temáticas que têm dividido a direita a esquerda – em especial no caso da chamada “ideologia de género” e da posição quanto à imigração.

Mas, para todos os efeitos, são iniciativas da sociedade civil que se mobiliza para marcar o seu ponto de vista.

Contra o racismo e os discursos de ódio

As manifestações anti-racismo estão a ser organizadas por mais de 60 associações sob a “batuta” do Grupo de Acção Conjunta Contra o Racismo (GACCR). Foi este grupo que organizou a contra-manifestação no dia do protesto anti-islâmico realizado pelo grupo neonazi de Mário Machado em Lisboa.

A iniciativa anti-racismo tem o apoio de figuras públicas como o escritor José Eduardo Agualusa, a actriz Ana Sofia Martins, o treinador Daúto Faquirá e a cantora Selma Uamusse, e contará com a participação de associações ligadas às lutas anti-fascista, feminista, pelos direitos LGBTQI+ e pela justiça climática.

Mas também contará com a participação de sindicatos e associações de imigrantes.

O protesto anti-racista realiza-se a partir das 15 horas em Guimarães, no Coreto da Alameda de S. Dâmaso; em Braga, no Coreto da Avenida Central; em Viseu, no Parque Aquilino Ribeiro; no Porto, na Praça da Batalha; em Coimbra, na Praça 8 de Maio; em Lisboa, na Alameda D. Afonso Henriques, com marcha até ao Martim Moniz; em Portalegre, na Nave Mãe; e em Faro, no Coreto do Jardim Manuel Bivar.

O objectivo é “exigir propostas e acções significativas, concretas e eficazes para combater o racismo estrutural e institucional patente na sociedade portuguesa”, salienta o GACCR em comunicado.

A iniciativa vai reunir todos os que “acham urgente marcar uma posição contra os discursos de ódio que começam a ecoar em alguns partidos do espectro político nacional”, frisa ainda o Grupo, notando que se pretende “lutar por um Portugal, uma Europa e um mundo mais inclusivos e inter-culturais, contra todas as opressões e formas de discriminação”.

“É urgente que, nos próximos dias, todas as forças políticas democráticas assumam publicamente compromissos muito claros para combater o racismo, a xenofobia e a islamofobia, que afectam directamente a vida das pessoas racializadas e comunidades imigrantes, sempre mais vulneráveis no que respeita ao acesso a direitos básicos como a habitação, saúde, educação, transportes, justiça, cultura e informação”, constata também o comunicado.

O controle da imigração é uma das bandeiras dos partidos mais à direita, e o foco tem estado apontado especialmente a pessoas oriundas de certas latitudes devido ao “choque cultural”.

Finalmente, o Grupo lembra que a luta também se faz “nas urnas”, nas eleições do próximo dia 10 de Março.

Contra a “ideologia de género” nas escolas públicas

Por várias cidades vai também passar uma “marcha silenciosa” que está contra a lei de autodeterminação de género na escola pública que permite, por exemplo, a escolha de um nome próprio neutro, no caso dos jovens transexuais, e a criação de casas de banho e balneários mistos.

Sob o lema “A família educa, a escola ensina”, a iniciativa é organizada pelo movimento “Acordai! Pelas nossas crianças” que é uma acção da Associação Família Conservadora (AFC).

Os protestos estão também marcados para as 15 horas em Viana do Castelo na Praça da República: em Braga, também na Praça da República; no Porto vai da Rua de Santa Catarina até à Câmara Municipal; em Lisboa inicia-se no Parque Eduardo VII; e em Faro começa junto ao Tribunal na Rotunda das Flores.

O objectivo é contestar a imposição do que dizem ser a “ideologia de género” nas escolas públicas, alertando as famílias para a “endoutrinação” dos estudantes.

“É ideologia pura que está a ser colocada nas cabeças das crianças, confundindo-as”, refere à Rádio Renascença a vice-presidente da AFC, Cibelli Almeida, que é uma das organizadoras da marcha em Braga.

Cibelli Almeida refere que se trata de uma “doutrinação clara” que está a transformar a escola num “campo político”. “As crianças não são do Estado, são nossas”, reforça.

Uma das medidas que desagrada à AFC é a Educação Sexual nas escolas, nomeadamente a abordagem a temas relacionados com as questões LGBTQI+.

Há dois sexos claramente definidos, homem e mulher“, sublinha Cibelli Almeida, lamentando que “a partir daí, as pessoas inventam inúmeros géneros”. E “isso confunde as crianças e nós não queremos que as crianças estejam nesse ambiente”, aponta ainda.

A lei de autodeterminação de género nas escolas públicas foi vetada pelo Presidente da República e devolvida ao Parlamento, para nova apreciação. O assunto ficou, assim, adiado para depois das eleições de Março.

Os partidos de esquerda que apoiam essa lei já reforçaram que pretendem promover a sua reaprovação no Parlamento. Falta saber se isso será possível, conforme os deputados eleitos nas eleições de 10 de Março.

ZAP //

11 Comments

  1. Para alguns “paizinhos”, a ideologia de género é um perigo.
    Já as teorias bafientas e perigosas do Chega, que têm entrado em algumas escolas básicas, são uma bênção, não é verdade queridos “papás”?

  2. D. Lucinda,
    Este paizinho aqui explicava-lhe de forma muito clara e simples de perceber como não sem meter nos nos assuntos da minha filha nem meter a milha filha na política.
    Não interessa se chega ou se basta ou se outra coisa qualquer. O que interessa é que assuntos de adultos não se forçam a crianças. E muito menos se fazem lavagens cerebrais pela negativa.
    Sim, não ser normal é possível, mas não é bom. É MAU. E uma coisa má não deve ser promovida. Não se promove como ficar com Sida, promove-se como não a ter.
    Aqui é o mesmo, se alguém tem o problema ajuda-se. Mas não se indrominam as cabeças mais influenciáveis que existem, as das crianças, com coisas destas.
    Quanto ao racismo, eu não sou nem racista nem xenófobo. Mas acho degradante e de um nível lamacento a permeabilidade que Portugal tem à instalação de uns e outros cá dentro, quando devíamos fazer o inverso.
    Devemos olhar para os bons exemplos. E bons exemplos não são por exemplo os Franceses que já em conseguem ser eles, os de lá, os de ascendência Francesa, a escolher.
    Quando a governação e os cargos dos partidos politicos deixam de ser exclusivos de naturais do país que se pretende governar, a coisa está má e deve ser contida. Apenas a titulo de exemplo, tanto é mau um Angolano estar num governo Portugues, como é mau um Portugues estar num governo Angolano.

  3. Combater a islamofobia? Será que este pessoal nao conhece a nossa própria historia? Portugal foi central na expulsão dos muçulmanos da peninsula ibérica.

  4. Não se compreende como é que existe esta ideologia do género que quer fazer crer que ninguém sabe a que sexo pertence. Numa idade em que mais dúvidas surgem. A grande maioria, talvez 90%, sabe qual o seu sexo e sabe por quem sente atração. Como eu sabia quando era da idade deles. Mas esta ideologia parte do princípio que ninguém sabe qual o seu sexo e só quando tiver 20 ou 30 anos é que vai saber. Acho que é uma ideologia perigosa. Só mais tarde se concluirá dos seus malefícios, Crianças que lhe lavam o cérebro e quando forem adultos vão sentir o mal que lhes fizeram.
    Quanto a essas manifestações que para aí há contra o racismo, não vejo que juntem muita gente, Mas pelo que vejo a maioria dos que estão em Portugal não são portugueses. Eu, no local onde vivo na na terra de onde sou natural, já me sinto um intruso. A maioria não é da minha cor. Mas são esses que entram de qualquer maneira e são acarinhado com subsídios e casas para viver. Por agora ainda não estamos a comer pela mão deles, mas não demorará muito, O país é um paraíso para eles. Mas é um Inferno para quem sempre viveu e trabalhou em Portugal. Esmifrado com impostos para dar benesses a quem nunca cá trabalhou nem descontou para nada. Portugal é bom para reformados estrangeiros, não é para reformados Portugueses, Estamos às portas dos votos mas eu tenho tanta vontade de ir votar como de me atirar para um poço. Precisa de levar tudo uma volta. Não só Portugal como muitos países europeus.

  5. Snr. António Machado,
    A perceção acutilante da existência de pessoas como o senhor, é triste e não augura nada de bom para o futuro.
    Quanta conversa sem sentido! Quanto obscurantismo bafiento e podre sai das suas palavras!
    Pobre”filha”, a quem tão pobre pai calhou em sorte!
    Melhor vida, é o que desejo a todas as filhas e filhos, reais ou inventados, e que não sejam fadados com o destino que as mentes pobres e atrofiadas lhes reservam.

  6. Ó Vítor,
    Acaba de produzir uma verdade” de la palisse”, que lhe assenta na perfeição.
    Pena que a sua pobreza não lhe permita o alcance dessa percepcão..

  7. Ó Vítor,
    não fico de bem comigo, se não lhe disser, de forma a que possa entender, que o seu comentário faz ricochete, e vai direitinho à sua pessoa.

  8. Compete ao Ensino Escolar ;Lecionar . Compete aos Progenitores e Familiares Educar . São duas funções complementares mas de responsabilidade diferentes . En matéria de Sexualidade , compete aos Pais de elucidarem e responderem a essas questões e en caso extremo , orientar os seus rebentos para uma consulta especializada en Pedopsiquiatria !

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