Não anunciam, mas Rússia e Ucrânia têm encontros presenciais durante a guerra

São encontros sem “publicidade” e desconfortáveis para os dois lados. Mas há assuntos mais importantes do que as estratégias militares.

Desde 24 de Fevereiro de 2022, dia em que a Rússia invadiu a Ucrânia, terá ficado a ideia generalizada de que acabaram as conversas entre responsáveis desses dois países.

Logo nas primeiras semanas ainda houve reuniões para tentar a paz. Mas devido à falta de resultados, esses encontros nunca mais se repetiram.

No entanto, e provavelmente contrariando os pensamentos de muita gente, e até porque nenhum dos países faz “publicidade” sobre isto, Rússia e Ucrânia continuam em contacto permanente.

O jornal The Washington Post partilha que se mantêm canais de comunicação que ligam responsáveis dos dois lados.

Porque há assuntos mais importantes, prioritários, comparando com o conflito que se prolonga há mais de um ano e meio.

Esses encontros servem para falar sobre troca de prisioneiros de guerra, sobre cadáveres, corredores para compra e venda de cereais e regresso de crianças ucranianas à Rússia.

Por vezes há intermediários: representantes de Vaticano, Turquia, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Cruz Vermelha.

Mas a maioria dos encontros na fronteira (e em Istambul) são mesmo directos, presenciais, com russos e ucranianos juntos, informam responsáveis da Ucrânia.

São conversas difíceis, desagradáveis, talvez embaraçosas, dado o contexto que atravessamos.

“É um processo muito, muito difícil, a nível emocional“, admitiu o responsável militar Dmytro Usov, coordenador da troca de prisioneiros.

“Eles são o inimigo. Mas, no processo de negociação, esse conflito de interesses tem que ser superado“, continuou Usov.

“Percebemos tudo que aconteceu, percebemos a relação actual, mas queremos trazer os nossos soldados de volta e, se rejeitarmos todos os canais de comunicação, não vamos conseguir”, completou.

Sergei Shiogu, ministro da Defesa, coordena as negociações sobre trocas de prisioneiros, do lado russo.

A maioria dos prisioneiros de guerra e de cadáveres de soldados ocorre em Sumy, nordeste da Ucrânia. Há cessar-fogo em cada momento de troca.

ZAP //

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