O café tem efeito intrigante no cérebro dos doentes com Parkinson

A doença de Parkinson é uma condição neurológica progressiva que afeta principalmente o movimento que ocorre devido à degeneração e morte das células nervosas numa parte do cérebro, que é responsável pela produção de dopamina.

Os sintomas da doença surgem com a perda acentuada de células produtoras de dopamina numa região do cérebro denominada substância nigra.

Através de uma nova investigação, liderada por uma equipa da Universidade de Turku, na Finlândia, os cientistas querem alcançar mais conhecimento sobre a forma como o consumo de café afeta as pessoas a quem já foi diagnosticada doença de Parkinson.

No novo estudo, publicado o mês passado no Annals of Neurology, os investigadores estudaram 163 pessoas com Parkinson em fase inicial e 40 controlos saudáveis, sendo que 44 participantes com a doença foram chamados para uma segunda avaliação que ocorreu aproximadamente seis anos mais tarde.

No seguimento dos doentes, aqueles que consumiam habitualmente três ou mais cafés por dia apresentaram uma ligação ao transportador de dopamina cerca de 8 % a 15 % mais baixo em comparação com as pessoas que bebiam menos cafés.

Os resultados são claro: há uma redução de dopamina.

No entanto, a equipa de cientistas não encontrou sinais de qualquer função restauradora de cafeína nem melhoria dos sintomas no cérebro das pessoas doentes.

“Embora a cafeína possa trazer alguns benefícios na redução do risco da doença de Parkinson, o nosso estudo sugere que a ingestão elevada de cafeína não tem qualquer benefício nos sistemas de dopamina em doentes já diagnosticados”, realça o neurologista e autor principal do estudo, Valtteri Kaasinen.

“Uma ingestão elevada de cafeína não resultou na redução dos sintomas da doença, como a melhoria da função motora”, conclui.

Por fim, os investigadores acreditam que a desregulação da dopamina observada nos consumidores de café é o mesmo efeito de equilíbrio que ocorre no cérebro de pessoas saudáveis.

Segundo o ScienceAlert, o consumo de café pouco tempo antes de exames de imagiologia do transportador de dopamina pode afetar os resultados do teste, potencialmente acrescentando complicações à forma como são interpretados.

Embora não haja nenhuma descoberta no sentido de que o consumo de café faça a diferença nos doentes de Parkinson, o estudo acrescenta novas e importantes evidências sobre a relação entre a dopamina e a doença de Parkinson, aproximando-nos de uma compreensão completa da doença e da forma de a combater.

Soraia Ferreira, ZAP //

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