Rui Rio mantém o silêncio sobre uma recandidatura a líder do PSD, o que está a ser visto como um condicionamento do partido, tendo também nas suas mãos o calendário interno. O conselho nacional para analisar os resultados eleitorais poderá ser apenas em novembro. Até lá, assume o lugar de deputado e será o interlocutor do primeiro-ministro no Parlamento.
Segundo um artigo do Público, a comissão política nacional do PSD reúne-se esta quarta-feira mas Rui Rio não tem prevista qualquer declaração à comunicação social sobre o seu futuro político. Desde 06 de outubro que o líder do PSD está em “ponderação” sobre se é novamente candidato a um segundo mandato. Nessa ponderação estão em causa questões políticas mas também pessoais.
Rui Rio parece empenhado em jogar com o tempo, a seu favor. Não só por causa dos eventuais adversários internos – Miguel Pinto Luz mantém reserva quanto a avançar para a liderança – mas também por causa da apresentação do novo Governo e do início, previsto para a semana, da nova legislatura.
Nessa altura, Rui Rio assumirá o lugar de deputado e pode ter, logo a seguir, o protagonismo do partido ao defrontar o primeiro-ministro no debate sobre o programa de Governo, lê-se no Público.
No Parlamento, o líder do PSD terá o papel de líder do partido da oposição, com o perfil de quem sempre defendeu a necessidade de criar pontes para a realização de reformas estruturais. Porventura esse papel sobrepor-se-á ao de líder a falar para dentro do partido.
Na única declaração pública que fez desde a noite eleitoral, Rui Rio pediu que os acordos à esquerda não impedissem reformas estruturais. Dias depois António Costa afirmou não faria acordos formais com a esquerda. Enquanto líder de um Governo minoritário, o primeiro-ministro prepara-se para negociar lei a lei com as bancadas parlamentares.
O PSD poderá ter um conselho nacional só em novembro – pelo menos é o que receia a oposição interna – em que a direção poderá apontar a discussão mais para as opções do Governo, do que para a análise dos resultados eleitorais das legislativas.
Os críticos da direção lembram que Rui Rio não fez nenhum conselho nacional de análise aos resultados após as eleições europeias (em que o PSD teve 21,9%) e que agora se prepara para fugir a esse debate interno.
Enquanto Rui Rio faz a sua ponderação há dirigentes próximos que fazem contactos no terreno para tentarem reunir apoios para uma recandidatura, já havendo um candidato à liderança assumido: Luís Montenegro. Para já, o ex-líder parlamentar esteve empenhado em sublinhar o contraste entre a estratégia do atual líder de se mostrar disponível para acordos de regime com o PS e a sua opção de se recusar a negociar entendimentos nem orçamentos com António Costa.
Apoios a Rio e Montenegro muito equilibrados
Aberta a corrida à liderança, “já se contam espingardas”, mesmo sem a confirmação da recandidatura de Rui Rio e com Luís Montenegro a ser para já o único candidato assumido. De acordo com um apuramento da SIC, os apoios das distritais estão muito equilibrados.
Com Rui Rio a recandidatar-se, há sete distritais que se mantêm fiéis ao atual líder, mas mesmo nessas há divisões internas nas concelhias. É o caso de Braga, em que tem apoio do presidente da distrital, mas em que o vice-presidente e algumas das maiores concelhias, como a de Braga – liderada por Hugo soares – estão com Luís Montenegro.
O mesmo acontece na distrital de Aveiro, em que o presidente Salvador Malheiro apoia Rui Rio mas os líderes de concelhias como Santa Maria da Feira, Espinho, Vagos ou São João da Madeira apoiam Luís Montenegro. Entre as distritais que já afirmaram publicamente que apoiam Rui Rio estão Guarda, Vila Real, Bragança, Beja e Faro.
Nove meses depois da tentativa de assalto à liderança do PSD, Luís Montenegro pode contar com o apoio de pelo menos sete distritais, o mesmo número das que já assumiram estar ao lado de Rui Rio.
Essas são Viseu, Castelo Branco, Coimbra, Viana do Castelo, Santarém (mesmo que a distrital não o assuma publicamente e que haja alguns nomes que preferem apostar em Miguel Pinto Luz), Leiria (que pode não tomar partido mas que foi das primeiras a pedir a saída de Rui Rio após as eleições) e Açores.
Miguel Pinto Luz poderá contar com Lisboa – onde foi presidente da distrital – e Setúbal, que em janeiro fez parte do assalto ao poder, mas que agora poderá ficar ao seu lado.
As dúvidas prendem-se com as distritais do Porto (que vai esperar pela decisão de Rui Rio antes de decidir), de Portalegre, de Évora (a presidente da distrital está com o atual líder mas há divisões internas) e da Madeira.
querem dizer 27,9%