Confinamento influenciou mãe que matou filho, considera Justiça britânica

A justiça britânica decidiu na quinta-feira que uma criança de 10 anos gravemente incapacitada, sufocado pela mãe “esgotada” e condenado a ser internado, foi uma “vítima indireta” do confinamento imposto no Reino Unido por causa da pandemia de covid-19.

O Tribunal Criminal de Old Bailey em Londres decidiu colocar a mãe, Olga Freeman, de 40 anos, num hospital psiquiátrico por tempo indeterminado pela morte do filho Dylan, de quem ela teve que cuidar continuamente devido às restrições em vigor.

“Não tenho absolutamente dúvida nenhuma de que foi uma mãe extremamente amorosa e dedicada a esta criança vulnerável até que ficou sobrecarregada por múltiplas pressões e a cabeça dominada por uma doença [psicológica] destrutiva”, disse a juíza Bobbie Cheema-Grubb, reconhecendo que a mãe estava “esgotada” e “exausta”, citada pela agência Lusa.

“Dylan deve ser reconhecido como uma vítima indireta da interrupção da vida normal causada pela pandemia de covid-19”, acrescentou ela.

O pai da criança, o fotógrafo de celebridades Dean Freeman, estava em Espanha na altura da tragédia, em 15 de agosto.

Depois de matar o filho, que sofria de graves incapacidades físicas e mentais, Olga Freeman dirigiu-se voluntariamente a uma esquadra de polícia. As autoridades encontraram a criança num quarto da casa em Acton, no oeste de Londres, coberto com uma colcha e rodeado de brinquedos.

Uma autópsia determinou que ele havia morrido de obstrução das vias aéreas por pedaços de esponja presos na boca.

Durante o julgamento, o ministério público ressaltou que Olga Freeman teve cada vez mais dificuldade para cuidar do filho durante o primeiro confinamento na primavera, e durante o verão, quando foi gradualmente levantado.

De acordo com um psiquiatra, a mãe desenvolveu sintomas psicóticos causados por restrições “muito stressantes” para ficar em casa e pelo encerramento da escola especial que Dylan frequentava.

O pai de Dylan criticou sucessivos governos britânicos por financiarem de forma insuficiente os serviços de apoio a pessoas com problemas de saúde mental ou que requerem cuidados especiais, durante um depoimento por videoconferência.

// Lusa

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