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Ex-executivo da Google diz ter sido afastado por defender Direitos Humanos

Ross LaJeunesse é da opinião de que a Google deixou de considerar os direitos humanos no desenvolvimento de novos produtos ou na assinatura de novos contratos, como era a prática.

O antigo diretor das relações internacionais da Google acusou o conglomerado da internet de ter abandonado os seus valores morais fundadores e ter-se tornado cúmplice da violação de direitos humanos em países como China e Arábia Saudita.

“Defender as mulheres, a comunidade LGBTQ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgéneros), os meus colegas de cor e os direitos humanos custou-me a minha carreira”, assegurou Ross LaJeunesse, num artigo publicado na plataforma Medium.

“Não preciso de mais provas que a divisa ‘Não fazer mal’ deixou de refletir verdadeiramente os valores da empresa. É apenas mais um instrumento de marketing“, afirmou.

O antigo responsável pelas relações com os diplomatas e a sociedade civil entrou no conglomerado californiano em 2008. Saiu em maio de 2019, segundo o seu perfil na rede social LinkedIn.

Na sua narrativa, detalhou a colaboração da Google com a China, interrompida em 2010, pelos fundadores Larry Page e Sergey Brin, designadamente por causa do aumento da censura. Considerou que a Google deixou de considerar os direitos humanos no desenvolvimento de novos produtos ou na assinatura de novos contratos, como era a prática.

“Há uma grande diferença entre vender espaços publicitários (…) e trabalhar com o Governo chinês na inteligência artificial ou albergar aplicações do Governo saudita, incluindo a Absher, que permite aos homens seguir e controlar as deslocações dos membros femininos da sua família”, avançou.

“O nosso apoio às organizações de defesa dos direitos humanos é sem falha“, reagiu uma porta-voz da Google, a pedido da AFP. No quadro da reorganização que ocorreu na Google, “foi oferecido a Ross um novo posto do mesmo nível e com a mesma remuneração, o que ele recusou”, avançou a porta-voz, que exprimiu ainda “os desejos de sucesso (a Ross) nas suas ambições políticas”.

Ross LaJeunesse, casado com um homem, vai disputar as eleições por um dos dois lugares no Senado do estado do Maine. No seu texto, criticou a Google, designadamente pela sua intolerância para com as mulheres, as pessoas não brancas e as minorias sexuais.

O presidente executivo da Google, Sundar Pichai, de origem indiana, foi promovido recentemente para o mesmo cargo na Alphabet, que é a holding que controla aquela. Além das pressões crescentes dos governos sobre questões a respeito da vida privada, da concorrência ou dos impostos, o conglomerado está a viver uma contestação interna, com base em considerações de desvio aos ideais gravados no código de conduta inicial.

// Lusa

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