Um bombeiro da corporação dos bombeiros municipais de Coruche foi detido, no passado domingo, por conduzir uma ambulância sob o efeito de álcool.
O profissional dos bombeiros municipais de Coruche conduzia uma ambulância em marcha de emergência para um acidente, na madrugada de domingo, quando foi intercetado pela GNR e detido por apresentar uma taxa de álcool no sangue de 1,9 gramas por litro, um valor acima da taxa igual ou superior a 0,2 g/l permitida para os condutores de veículos de socorro.
Qualquer condutor com uma taxa superior a 1,2 g/l incorre numa pena de prisão até um ano ou multa até 120 dias à taxa que o juiz fixar em função da gravidade e dos rendimentos, penalização que pode ser agravada por se tratar de veículo de socorro em missão de emergência, ficando ainda inibido de conduzir num período que pode ir de três meses a três anos.
O bombeiro já foi presente a tribunal, encontrando-se a aguardar o inquérito judicial em liberdade. Fonte da Câmara Municipal de Coruche disse à Lusa que o bombeiro em causa, que “tem antecedentes disciplinares”, mantém-se em funções até que seja concluída a investigação.
A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) já reagiu, assegurando que se trata de “um caso isolado”, defendendo a aplicação das sanções legais e disciplinares.
“No melhor pano cai a nódoa. Efetivamente pode acontecer uma situação destas, mas daquilo que sei, ao longo dos meus muitos anos como bombeiro e como responsável da LBP, são casos muito excecionais”, afirmou à Lusa o presidente da LBP, Jaime Marta Soares, ressalvando que, “mesmo que excecionais, não podem, em circunstância nenhuma, acontecer”.
Para o presidente da LBP, “o bombeiro que infringiu as regras de trânsito deve ser, efetivamente, penalizado da mesma forma e modo como qualquer cidadão deste país”, assim como sancionado disciplinarmente pelo comandante da corporação municipal de Coruche.
“Ninguém está acima da lei, seja quem for”, reforçou Marta Soares, aguardando que o processo siga os trâmites normais.
Sem funções disciplinares, a LBP está solidária com o corpo de bombeiros municipais de Coruche, manifestando-se disponível para colaborar em tudo o que a corporação entender que seja necessário.
“Não se pode, efetivamente, confundir a árvore pela floresta, porque por um cidadão bombeiro que não cumpriu as suas obrigações, não respeitou as leis, nem a disciplina do seu corpo de bombeiros, [tal], não pode ser visto como agora que os bombeiros portugueses todos sejam efetivamente pessoas irresponsáveis”.
Considerando que os bombeiros de Coruche estão a viver um momento “desgostoso”, Marta Soares realçou que “não é justo” que se pense que este caso possa “pôr em causa a dignidade, a honorabilidade e a honra dos bombeiros de Coruche e muito menos dos bombeiros de Portugal”.
Os bombeiros portugueses “primam pela organização, rigor e disciplina”, indicou o presidente da LBP, acrescentando que os casos de falta de profissionalismo “infelizmente acontecem como acontecem no seio de toda a gente”.
“Mas não devia e, em circunstância alguma, isso é permitido aos bombeiros”, garantiu Marta Soares, classificando o caso do bombeiro de Coruche como “extremamente desagradável”, que não pode acontecer e não deve pôr em causa o bom nome dos bombeiros portugueses.
ZAP // Lusa