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Como ficar milionário a vender sapatos muito, muito feios

ZAP // HeyDude; LinkedIn

Alessandro Rosanoe alguns dos sapatos “muito feios” da HeyDude

Sem financiamento e com um investimento mínimo em marketing, Alessandro Rosano tornou-se milionário a vender sapatos feios, muito feios. Tão feios, que se tornaram giros.

Conhecida pelos seus distintivos mocassins de gosto duvidoso, a HeyDude tornou-se um estrondoso sucesso de vendas em poucos anos.

Criada em 2008 por Alessandro Rosano, empresário italiano sediado em Hong Kong, a empresa teve um crescimento significativo, apesar de financiamento e investimento marketing muito limitados.

A marca viu um grande aumento na procura há cerca de dois anos, especialmente nos EUA, tendo atingido um volume de receitas de 542 milhões de euros.

Em dezembro de 2021, Rosano vendeu a HeyDude à conhecida empresa europeia de calçado Crocs por 2,3 mil milhões de euros.

Alguns projetos anteriores de Rosano foram um fracasso completo — nomeadamente a WeWood, que vendia relógios e tamancos em… madeira.

Qual então o segredo do sucesso de Rosano e da sua HeyDude? Há vários fatores por trás do fenómeno, explica a revista Forbes.

Rosano teve a ideia de lançar a HeyDude quando identificou uma lacuna no mercado para sapatos modernos que oferecessem o conforto de chinelos — que,  os seus tamancas de madeira claramente não ofereciam.

Os mocassins de Rosano tornaram-se populares pelo seu conforto e design único, descritos como “tão feios que são giros“. Com um preço acessível, cerca de 55 euros o par, são leves e fáceis de calçar.

Embora desenhados em Itália, os sapatos são maioritariamente produzidos na Chin, com um custo muito baixo.

Os custos de marketing da empresa são também muito reduzidos: a marca ganhou popularidade essencialmente pelo passa-palavra.

Após anos de crescimento consistente, em 2020 as vendas dispararam para quase 180 milhões de euros, com a ajuda de uma pandemia que levou as pessoas a procurar sapatos confortáveis — que podiam ser feios, porque ninguém saía à rua.

Entretanto, os mocassins feios, muito feios, passaram a ser giros — e tornaram-se moda.

Apesar do seu sucesso, a aquisição da empresa pela Crocs causou alguma surpresa em Wall Street devido à relativa obscuridade da HeyDude em certas áreas, mas a rentabilidade e o potencial de crescimento da marca eram evidentes.

A jornada da HeyDude, que em poucos anos passou de produto de nicho a uma marca de mil milhões de dólares, mostra o potencial de ideias inovadoras combinadas com uma profunda compreensão das necessidades do mercado.

E quando olhamos para o sucesso dos mocassins da HeyDude e da moda das “camisolas feias de Natal”, que já pegou forte em Portugal, chegamos à conclusão de que o feio é o novo bonito.

Armando Batista, ZAP //

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