Ascona, Pajero, Sporting. A arte de dar o nome a um carro

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Hyundai Kona, cujo nome foi trocado em Portgual para Hyundai Kauai

Dar nome a um animal de estimação é sempre complicado. A um filho? Nem se fala… Mas dar um nome a um carro também não é nada fácil.

Centrando-nos, primeiro, no caso de Portugal, a nossa fonética está sempre a “tramar” (ou, noutros casos, a ajudar) os departamentos de marketing.

Um dos exemplos recentes foi o Hyundai Kona que teve de mudar de nome em Portugal para Kauai, devido ao facto de o nome se assemelhar a um dos nomes vulgarmente usados para o órgão genital feminino. Noutro exemplo a envolver o mesmo vocábulo, o Opel Ascona passou a ser, em Portugal, o Opel 1204.

Há ainda o caso do FIAT Cinquecento Sporting… que, devido ao típico fanatismo futebolístico, teve de abandonar o “ing”, passando a FIAT Cinquecento Sport. Não fossem os benfiquistas ou portistas não comprar o carro pelo nome.

Mas lá fora aconteceu o mesmo. Em Espanha, a Mitsubishi teve de mudar o nome do Mitsubishi Pajero para Montero, pois a palavra escolhida para o jipe da casa japonesa, em espanhol, significa “pessoa que se masturba”.

O Chevrolet Nova também teve problemas com nuestros hermanos. Foi gozado durante décadas, depois de se ter espalhado que o nome “Nova” se traduzia por “no va” – em português, “não vai”.

No Brasil, o Ford Pinto mudou de nome, uma vez que “Pinto” é o jargão para o órgão genital masculino, Por seu turno, nos EUA, “Pinto” é uma raça de cavalos, e, por isso, o carro é encarado como “pujante”.

Em França, o Mazda MR2 teve problemas porque o nome do carro, em francês, lê-se “Mazda eme erre deux” se confunde com “Mazda est merdeux” – que, em português significa Mazda é merda.

Na Noruega, o Honda Fitta foi trocado por Jazz – nome depois adotado em toda a Europa –, porque o nome original significa vagina na língua norueguesa.

Casos como estes são a prova de que escolher um nome para um carro é muito mais complexo do que aquilo que se pensa.

Alguns fabricantes de automóveis optam pela via mais fácil e dão aos seus automóveis nomes alfanuméricos.

Por exemplo, a Mercedes-Benz nomeia os seus carros por classe, de A a S. A classe S tem origem na palavra alemã sonderklasse, que significa “classe especial”. Mas, pelo meio, há também nomes de três letras como GLA, GLB… A BMW, por seu turno, usa uma técnica idêntica.

Arte, bom senso e legalidade

À Popular Science, Jessica Fini, a vice-presidente assistente de Comunicações da American Honda, explicou que a empresa realiza reuniões de brainstorming com os principais membros do planeamento de produtos e outros executivos de marketing, comunicações e vendas alguns anos antes do lançamento de um novo veículo.

Uma vez compilada a lista de nomes de brainstorming, procede-se a uma votação e a uma nova sondagem com as principais escolhas de nomes. Em seguida, os três nomes mais votados são entregues ao departamento jurídico para verificação de antecedentes, o que significa que têm a tarefa de se certificarem de que outras marcas não os utilizam já ou os têm em reserva, e verificam se a palavra não tem um significado negativo noutra língua.

Fini explicou que as palavras da Honda geralmente têm um significado.

O Prologue (Prólogo), por exemplo, é o primeiro veículo elétrico do fabricante para o mercado de massas. O Passport SUV é um carro de aventura, uma vez que os passaportes estão associados a aventuras. A Honda tem ainda alguns acrónimos, como o CR-V: Comfortable Runabout Vehicle.

Os nomes da Hyundai – cuja a sua (viatura) Kona deu problemas em Portugal – são centrados no desempenho. O N Line e modelos N, por exemplo, homenagem ao centro de investigação e desenvolvimento de Namyang da Hyundai e à pista de corridas de Nürburgring, realçando a engenharia de precisão.

Elijah Kim, gestor para a deteção e investigação do mercado da Hyundai – cuja a (viatura) Kona deu problemas em Portugal -, explicou à Popular Science que “a estratégia de atribuição de nomes aos veículos é uma mistura cuidadosamente elaborada de geografia, simbolismo e inovação, concebida para evocar uma ligação emocional com os condutores”.

“Muitos modelos inspiram-se em locais do mundo real, como o Santa Fe, o Tucson e o Kona, cada um reflectindo um sentido de aventura e estilo de vida. Com cada nome, a Hyundai não está apenas a marcar um automóvel – está a contar uma história, moldando a forma como os condutores percepcionam e se relacionam com os seus veículos”, acrescentou.

ZAP //

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