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Comissão Europeia agora quer travar consumo de biofuel

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A Comissão Europeia apresentou na semana passada a sua proposta de plano energético 2030, que se for aprovado limitará a utilização da primeira geração de biocombustíveis, obtidos a partir de matérias-primas alimentares.

Depois de uma década e meia a incentivar a substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis, que entre 2003 e 2012 multiplicou por dez o consumo destes, Bruxelas conclui agora que eles são altamente poluentes e que a sua utilização dever ser gradualmente proibida.

Para já, a Comissão Europeia propõe que o peso dos biocombustíveis no consumo total de biofuel para transportes em toda a Europa baixe dos 7%, em 2020, para 3,8%, em 2030 – uma redução de quase 50% em dez anos.

“Os biocombustíveis afetam mais o clima quer os combustíveis fósseis, porque não contribuem para uma redução líquida das emissões de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera”, referem os peritos da Comissão.

Os biocombustíveis podem ser obtidos a partir do processamento de cana do açúcar, milho, rábanos e óleos de colza, soja ou palma.

O agrocarburante mais polémico é o obtido a partir de óleo de palma, devido à deflorestação que esta cultura provoca.

Em 2014, segundo Bruxelas, a União Europeia consumiu entre 1,6 e 3,2 milhões de toneladas de óleo de palma para a biocombustíveis, ou seja, de 2,7% a 5,3% da produção mundial.

Em 2012, o consumo deste tipo de carburantes atingiu um valor recorde, com quase 11,9 milhões de toneladas de petróleo equivalente de biodiesel, mais de 2,8 milhões de biogasolina e 8,8 mil toneladas de outros tipos.

Os biocombustíveis respondiam, no ano passado, por cerca de 6% do consumo de combustíveis nos transportes na Europa.

A indústria europeia de biocombustíveis convencionais é um negócio que movimentou em 2014 13,4 mil milhões de euros e que emprega cerca de 110 mil pessoas, segundo os dados da Comissão.

Cerca de 61% das sementes oleaginosas e 3,7% dos cereais cultivados na União Europeia tiveram como destino, no ano passado, a produção de biocombustíveis.

Automonitor

2 Comments

  1. Esta notícia fez-me lembrar os estudos encomendados pela indústria tabaqueira americana nos anos 40 e 50 do século passado, que garantiam não existir mal para a saúde em fumar. Há muito de bizarro neste ziguezaguear da Comissão Europeia. Sendo inquestionável que TODOS os combustíveis de motores de combustão contribuem com emissões de CO2 para as alterações climáticas, até pode ser que os biocombustíveis não sejam a solução desejável, contudo a União Europeia num momento em que o preço do petróleo batia recordes em alta, subsidiou com enormes fortunas sendo grande parte a fundo perdido, colossais investimentos na cultura, transformação e aplicação de biocombustíveis de origem vegetal por toda a Europa. Todos os países se envolveram incluindo Portugal, mas as potências agrícolas como Espanha ou França atiraram-se de cabeça, aproveitando todo o jorro de dinheiro generosamente distribuído. As instalações reproduziram-se como cogumelos e usar biofuel passava a imagem “limpa” desejável por oposição aos combustíveis fósseis, para além de reduzir a dependência de países não produtores de petróleo dos que o são. Passados uns anos e como acontece em tantos setores da economia, muitos empresários começaram a constatar ser muito mais barato importar óleo ou sementes de palma de Myanmar, Malásia ou Indonésia que produzir na Europa. Ao efeito poluente dos biocombustíveis somou-se o problema da massiva desflorestação que ocorre nesses países para instalar mais e mais áreas de cultivo e agora que o petróleo tem estado barato, vem a insigne Comissão fazer marcha atrás. É o que se chama de “navegação à vista” ou não fossem os produtores de petróleo como a Rússia e países do Golfo “amigos” que podem contribuir para atenuar os efeitos dramáticos do terrorismo islâmico na Europa partes (muito) interessadas. Entretanto desbarata-se dinheiro a jorros, brinca-se com os empregos das pessoas, vai-se continuando a degradar o planeta, enquanto não chega o momento de viragem absoluto e inquestionável que tarde ou cedo há-de chegar – proibir a utilização de todos os motores de combustão e resolver o problema de fundo definitivamente. Mas isso…

  2. Concordo plenamente. Apenas quero acrescentar que o veículo eléctrico não usa energia limpa, muita da energia eléctrica utilizada para carregar as baterias vem de fontes tão poluentes como o carvão. Tem também o perigo das centrais nucleares de produção de electricidade, ainda não são equipamentos seguros, tem havido falhas… Mas pior que tudo é a “propaganda mentirosa e desleal” utilizada por certos senhores para venderem aquilo que lhes interessa, e o povo vai na cantiga. Não esquecer que já o Hitler sabia muito bem qual o poder da propaganda, criou até um ministério da propaganda… Acredite quem quiser.

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