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Comandante da Protecção Civil licenciou-se com equivalências a 90% das cadeiras

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Autoridade Nacional de Protecção Civil / Facebook

Comandante Nacional da Protecção Civil, Rui Esteves (ao centro).

O Comandante Nacional da Protecção Civil, Rui Esteves, licenciou-se em Protecção Civil fazendo apenas quatro cadeiras por exame, praticamente sem ir às aulas, com equivalências graças à sua experiência profissional e a cursos de formação.

O caso é divulgado pelo jornal Público, que adianta que o Comandante Nacional Operacional da Protecção Civil (CONAC) conseguiu o diploma de licenciado em Protecção Civil, na Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB), “quase na sua totalidade através de equivalências”.

O diário realça que Rui Esteves só fez quatro cadeiras por exame, enquanto as restantes 32 unidades curriculares foram obtidas com base na sua experiência profissional e nos cursos de formação que tirou em Portugal e no estrangeiro.

O Público repara que Rui Esteves “não frequentou a maioria das aulas da licenciatura”, nem “foi avaliado por exame em 90% das unidades curriculares do curso”.

Em nota ao Público, Rui Esteves realça que agiu “em conformidade com a lei vigente”, tirando partido da sua experiência “ao longo de 30 anos de carreira”.

Governo trocou metade do comando em cima da época de incêndios

Rui Esteves foi nomeado Comandante Nacional Operacional da Protecção Civil em Janeiro de 2017, no âmbito de uma remodelação levada a cabo pelo Governo na estrutura hierárquica da Protecção Civil.

A situação gerou polémica, tanto mais depois do trágico incêndio de Pedrógão Grande, porque levou a uma substituição de metade do comando da Protecção Civil em cima da época de incêndios.

Na ocasião, o Governo mudou sete dos oito membros da estrutura de topo da ANPC, entre os quais “os três principais, dois adjuntos e três comandantes de agrupamentos (CADIS)”. Só Miguel Cruz, CADIS do Sul, se manteve da anterior estrutura.

O coronel Joaquim Leitão, presidente da ANPC, nomeou então Rui Esteves como novo Comandante Nacional Operacional, , que entrou em funções em Janeiro em conjunto com o 2.º Comandante Nacional, Albino Tavares”, refere o jornal.

Mudaram também 20 dos 36 comandantes distritais (CODIS) e, a dois meses da época de incêndios, houve mexidas em 17 desses cargos, com a entrada de caras novas ou com a mudança de posição de alguns membros da ANPC mais experientes.

Caso Relvas mudou a Lei

Actualmente, Rui Esteves já não conseguiria licenciar-se graças a tantas equivalências, uma vez que a Lei foi alterada, em 2013, no seguimento do caso da licenciatura anulada de Miguel Relvas.

O ex-ministro do Governo PSD obteve a licenciatura de Ciência Política e Relações Internacionais, na Universidade Lusófona, com 160 dos 180 créditos necessários obtidos por via da sua experiência profissional.

Em 2016, a licenciatura foi declarada nula, e em 2013 a Lei foi alterada, passando a impor  um limite ao número de créditos que uma universidade pode atribuir através de equivalências curriculares.

ZAP //

17 Comments

  1. A ser verdade a noticia é vergonhoso. Continuamos num pais em que é aceitável obter uma licenciatura sem estudar! Depois vemos licenciados que estudaram e muito a trabalhar por meia dúzia de tostoes e estas pessoas obtém licenciaturas num processo administrativo para terem um canudo e poderem progredir na carreira dentro do funcionalismo publico. Competências adquiridas…vergonhoso

  2. A lei até podia prever isto e muito mais…
    Uma instituição credível, com nome sólido na praça e orientada por valores e princípios é que não podia aceitar isto: transformar-se num supermercado onde, ainda por cima, se compram e se vendem produtos de fraca qualidade!
    Terá sido para isto que foram criadas as Novas Oportunidades? Numa coisa temos que concordar: foram bem aproveitadas!

  3. Deve haver muito boa gente por aí, sem estudos universitários, e que teriam a capacidade de gerir este país bem melhor do que os políticos com canudo.

  4. Espera que já vou ali fazer o doutoramento por equivalência. Aposto que se não for amigo dos chefes da instituição que não me vão dar as tais equivalências. Isto quando é governos de esquerda é só corrupção. fosga-se

  5. Temos aqui outro Miguel Relvas. Grande País. Grandes escolas!!!! é tudo à grande e à fartazana. É tão bom para uns e tão mau para outros!!!!

  6. Continuamos em pleno seculo 21 a ser governados e comandados por (burros) que não percebem nada disto.
    Sem ofensa para os Animais de Quatro Patas.

  7. “…agiu “em conformidade com a lei vigente”, tirando partido da sua experiência “ao longo de 30 anos de carreira”.”

    Bem… isto dá pano para mangas. Pessoalmente conheço muitos mecânicos que já poderiam ter mestrado em engenharia mecânica. Já trabalham na reparação automóvel há bem mais de 20 anos. Isto é válido para eletricistas que também já têm 20 ou 30 anos experiência. Poderiam pedir equivalência para engenheiros eletrotécnicos. O mesmo para os pedreiros que por esta ordem de ideias já seriam todos engenheiros civis. Até o meu filho com 4 anos corre o sério risco de já ser arquiteto sem o saber. Está sempre a desenhar! E que dizer do endireita que dá consultas no fim da rua há mais de 15 anos?! Provavelmente poderia pedir equivalências e obter a licenciatura em Medicina.

    P*** que pariu isto tudo. Como dizia um grande amigo meu: “Nós não somos o país mais ocidental da Europa. Nós somos o país mais a norte de África”

  8. Sim Senhor ! …
    Demitiu-se porque foi apanhado, mas há outros exemplos.
    Quem não o apanhou foi o Governo, quando o avaliou para o nomear.
    Agora deve ir para Tancos dirigir a reparação da vedação violada.

    • Errado. Obviamente que terá de ir um pedreiro que tenha obtido a licenciatura em engenharia civil por reconhecimento. Este, por enquanto, não tem competências para as funções que descreve.

  9. Esta espécie de licenciatura tirada ao domingo descobriu-se por ele ocupar aquele lugar. Quantas licenciaturas haverá destas? A corja dos partidos tudo têm feito para facilitar a vida aos amigos. Esta é mais uma parida pelo 25 de Abril. Quanto ao dito cujo, deve ter sido nomeado para o cargo como foram todos os outros da proteção civil. Tudo pertencente à corja dita “socialista”…!

  10. Também quero um canudo. Tenho mais de 40 anos de experiência e mais de 30 cursos de formação. Quero ser PROFESSOR DOUTOR ENGENHEIRO, não aceito menos que isso. E esta, heim?

  11. “com equivalências graças à sua experiência profissional e a cursos de formação”?
    Mas então, por esta ordem de ideias, há por aí tanto doutor, que deverá ter de ser reconhecido como tal!
    A começar por mim, e já!… E eu que não sabia que era doutor… E em muitas áreas!

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