Várias manifestações de “coletes amarelos”, que pretendem perpetuar o movimento contra o aumento das taxas de combustível, interromperam esta segunda-feira o trânsito automóvel e bloquearam as bombas de combustíveis um pouco por toda a França.
Segundo relatam os jornalistas da Agência France Presse (AFP), marchas lentas e bloqueios, alguns dos quais foram mantidos durante a noite, persistiam hoje de manhã nalgumas estradas periféricas pelo terceiro dia consecutivo de mobilização, marcado pelos primeiros bloqueios de postos de postos de abastecimento de combustível.
Mais de 400 pessoas ficaram feridas nos bloqueios organizados em França desde o fim de semana pelos “coletes amarelos” contra o aumento dos impostos dos combustíveis e a diminuição do poder de compra, segundo o Ministério do Interior francês.
Os protestos dos “coletes amarelos”, numa referência aos coletes amarelos que todos os automobilistas devem ter nos automóveis para se tornarem visíveis, começaram no sábado de manhã.
Na manhã desta segunda-feira, dois postos de abastecimento de combustível foram bloqueados em Vern, perto de Rennes (oeste) e Fos-sur-mer (sudeste), “onde o acesso não está a ser permitido”, disse o grupo Total à AFP, especificando que, por enquanto, as refinarias não foram afetadas.
O primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, disse no domingo que vai manter “o rumo”, apesar dos protestos dos manifestantes. “Nós também manteremos o rumo e durará!”, disse um dos manifestantes em Calais (norte).
“O movimento não é excecional” e “obviamente não tem a mesma dimensão do de sábado”, disse ao canal CNEWS o secretário de Estado do ministro do Interior, Laurent Nuñez, lembrando que as instruções para as forças da ordem eram para “intervir sempre que as vias estruturantes são bloqueadas ou há violência”.
Vários incidentes marcaram a noite de domingo. Em Calais, um motorista inglês e um motorista de camião australiano foram levados sob custódia, depois de tocarem nos manifestantes para forçar os bloqueios nas estradas. Em Saint-Dizier (leste), o motorista de um camião foi parado pelos policias depois de ferir um “colete amarelo”, que foi transportado para o hospital.
Em Auvergne-Rhône-Alpes, os “coletes amarelos” estão posicionados na A6 em Villefranche-sur-Saône, criando vários quilómetros de engarrafamentos, de acordo com a prefeitura de Rhône. O acesso à A6 também sofreu perturbações, no sul de Chalon-sur-Saone. No Sudeste, vários pontos de bloqueio estão instalados na A7. A portagem de Nîmes-Ouest foi danificada.
No sábado, quase 290.000 pessoas protestaram em 2.034 locais. Novos comícios decorreram no domingo em cerca de 150 locais, de acordo com o ministro do Interior, Christophe Castaner.
Os “coletes amarelos” são um movimento cívico à margem de partidos e sindicatos criado espontaneamente nas redes sociais e alimentado pelo descontentamento da classe média-baixa. O movimento, que alargou os protestos contra a carga fiscal em geral, é um novo obstáculo para o executivo de Emmanuel Macron, que decidiu aumentar os impostos dos combustíveis para promover a transição energética.
O Governo decretou um aumento dos impostos dos combustíveis de 7,6 cêntimos por litro para o ‘diesel’ e de 3,9 cêntimos para a gasolina e, a partir de janeiro, serão aplicadas taxas adicionais a estes produtos de 6 e de 3 cêntimos, respetivamente.
Os “coletes amarelos” têm o apoio de 74% da população francesa, segundo uma sondagem publicada na passada sexta-feira.
// Lusa