Um novo estudo descobriu que as cobras de dados usam táticas extremas, como sangrarem da boca ou cobrirem-se de fezes, quando fingem que estão mortas para afugentar os predadores.
As cobras de dados, conhecidas cientificamente como Natrix tessellata, elevaram a arte de se fingirem de mortas a um nível extraordinário, incorporando exibições grotescas e vívidas nos seus mecanismos de defesa.
De acordo com um novo estudo publicado na Biology Letters, estas cobras não venenosas, que se alimentam principalmente de peixes, aprimoram as suas estratégias de sobrevivência com um toque dramático.
A pesquisa baseou-se em observações de campo na ilha de Golem Grad, na Macedónia, onde os investigadores examinaram as reações de 263 cobras quando foram simulados ataques predatórios.
Os resultados revelaram um espetro fascinante de reações: 124 defecaram, 28 sangraram pela boca e outras combinaram estas reações com um estado de imobilidade tónica ou morte aparente.
As cobras de dados não só se fingem de mortas com a boca aberta, mas também acrescentam elementos repulsivos como defecar, sujar-se de fezes, excretar um almíscar pungente e auto-hemorragia (sangramento pela boca).
Estes comportamentos, apesar de parecerem extremos, têm um objetivo crucial.
Os investigadores observaram que as cobras que incorporam um leque mais vasto de táticas defensivas foram capazes de encurtar a duração dos seus episódios de fingimento de morte em cerca de dois segundos, em comparação com as que empregam estratégias menos elaboradas, aponta o Science Alert.
Esta tática sugere uma vantagem evolutiva para a integração funcional de múltiplas estratégias de defesa. O estudo ressalta a importância de observar como diferentes comportamentos funcionam em conjunto durante várias fases das interações predador-presa, em vez de isolá-los durante os experimentos.
O conceito de imobilidade tónica não é exclusivo das cobras de dados; é um mecanismo de defesa comum a muitas espécies e taxa. As serpentes de nariz de porco orientais, por exemplo, apresentam comportamentos semelhantes, virando-se de costas, tendo convulsões, vómitos e segregando almíscar.
Os investigadores defendem que os estudos futuros devem dar prioridade à análise da sequência e integração de tais comportamentos, a fim de obter informações mais aprofundadas sobre os mecanismos de defesa dos animais.
O seu trabalho contribui para uma compreensão mais alargada da biologia evolutiva da predação e da defesa, sugerindo que mesmo comportamentos mais dramáticos e aparentemente exagerados podem ter benefícios práticos para a sobrevivência.
A área de habitat das cobras de dados abrange a Europa Ocidental, o Norte de África, o Médio Oriente, a Ásia Central e a China Ocidental, o que faz delas um alvo para uma variedade de predadores, incluindo aves, mamíferos e outros répteis.
Segundo os autores do estudo, apesar dos seus dramáticos mecanismos de defesa, as cobras de dados desempenham um papel vital nos seus ecossistemas, nomeadamente no controlo das populações de peixes.