O presidente da Câmara de Lisboa afirmou, esta sexta-feira, que a autarquia irá tentar acordar com os operadores dos parques de estacionamento da envolvente da Zona de Emissões Reduzidas da Baixa-Chiado a criação de “avenças comportáveis” para os moradores.
“Vamos tentar um acordo global com os operadores para criar avenças a preços comportáveis a cidadãos portugueses para mais lugares para residentes”, adiantou Fernando Medina (PS), durante uma sessão pública com moradores e comerciantes da freguesia de Santo António sobre a Zona de Emissões Reduzidas (ZER) Avenida-Baixa-Chiado.
De acordo com a proposta da Câmara de Lisboa, o trânsito automóvel na zona da Baixa-Chiado passará a ser exclusivo para residentes, portadores de dístico e veículos autorizados, entre as 06h30 e as 00h00, a partir do verão.
Na Avenida da Liberdade, que abrange a freguesia de Santo António, a circulação na faixa central continuará sem restrições até à Rua das Pretas. A partir da Rua das Pretas e até à Praça dos Restauradores poderá circular-se pelas laterais, permitindo, por exemplo, o acesso ao parque de estacionamento. A partir dos Restauradores, o trânsito será, então, exclusivo para residentes, portadores de dístico e veículos autorizados.
O projeto da autarquia, que foi apresentado no final de janeiro, prevê ainda a reposição do sentido de circulação das laterais da avenida, a requalificação dos passeios, que serão alargados, e a criação de zonas de tomada e largada de passageiros e de cargas e descargas.
Na sessão pública na freguesia de Santo, o problema da falta de estacionamento começou por ser levantado pelo presidente da junta, Vasco Morgado, e voltou depois a ser abordado pelos moradores. “A semana passada estive hora e meia à procura de lugar e acabei por estacionar em Arroios”, relatou Ricardo Carvalho, residente na freguesia de Santo António há 53 anos.
Na resposta, o presidente da Câmara de Lisboa avançou com a possibilidade de o município fazer “um acordo global” com os operadores dos parques de estacionamento da envolvente da ZER, nomeadamente o do Marquês de Pombal e o do Martim Moniz, para a criação de “avenças comportáveis” para os moradores.
Esses parques de estacionamento, disse, estão subaproveitados e, por exemplo, o Parque do Marquês de Pombal tem um piso arrendado à EMEL (Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa) e outro encerrado. Medina insistiu, contudo, que todos esses parques “são privados” e será necessário chegar a acordo com os operadores.
Além dessa medida, o município poderá também estudar a possibilidade de criar mais zonas de estacionamento exclusivas para moradores, acrescentou. “Vamos fazer um esforço para olhar para as zonas para ver qual a melhor opção”, prometeu, reconhecendo que o estacionamento para residentes na envolvente da ZER “é uma questão sensível” e deverá ser “muito mais protegido”.
Da parte dos comerciantes, além das reservas colocadas ao condicionamento das cargas e descargas ao período da noite, as restrições à circulação a partir dos Restauradores e a eventual redução dos lugares de estacionamento à superfície foram preocupações comuns nas interpelações ao presidente da autarquia.
“Os clientes não vão deixar o Tesla ou o Porsche na Pontinha ou, depois, levar no Metro os sacos da Louis Vuitton. E também não vêm para a Avenida da Liberdade de bicicleta ou de trotinete”, disse Sónia Sousa, funcionária do “comércio de luxo” da Avenida da Liberdade.
Na resposta, Fernando Medina lamentou a atitude demonstrada com a intervenção, considerando que é típica de quem pensa que “tudo deve ser resolvido à porta do vizinho”. “É de quem pensa: ‘tudo deve ser feito, exceto aquilo que toca comigo'”, referiu.
A ZER abrange parte das freguesias de Santa Maria Maior, Misericórdia e Santo António. Na semana passada, a Câmara de Lisboa já tinha organizado sessões públicas para a apresentação da proposta da ZER nas freguesias da Misericórdia e de Santa Maria Maior.
// Lusa