A lava do vulcão Cumbre Vieja continua a cobrir La Palma, nas Canárias, e já destruiu mais de 300 casas. Enquanto as cinzas vulcânicas se estão a deslocar para a Península Ibérica, surge a notícia de que uma equipa de investigadores alertou, em Janeiro, para o risco de uma erupção.
Com mais de 6 mil pessoas evacuadas e mais de 300 edifícios destruídos, La Palma continua chocada com o avanço da lava do vulcão Cumbre Vieja. Mas a erupção não foi propriamente uma surpresa.
O jornal El País refere que, em Janeiro passado, um grupo de investigadores publicou um “trabalho científico” que alertava para a possibilidade de uma erupção no Cumbre Vieja. Um dado que não terá sido valorizado pelas autoridades da ilha.
Enquanto a lava segue o seu caminho rumo ao mar, destruindo tudo, a população começa a preocupar-se com eventuais chuvas ácidas e com os gases tóxicos. Mas, neste momento, não há razões de preocupação, segundo as autoridades espanholas.
O sub-tenente José Antonio Gamarra, da Unidade Militar de Emergências (UME) que foi destacada para a ilha, revela à agência EFE, conforme cita o El Mundo, que “a problemática é com o gás que está a sair agora, que é um gás virgem, ainda não se depurou, não teve contacto com a atmosfera, mas, em princípio, as análises estão a dar negativo”.
Portanto, “não há risco para a população”, salienta Gamarra.
O Instituto Geológico de Espanha prevê que as cinzas comecem a chegar à Península Ibérica nas próximas horas.
Na sexta-feira, devem chegar ao território de Portugal, mas as concentrações de dióxido de enxofre que carregarem, na altura, não serão um risco para a saúde, segundo alguns especialistas.
Engolir “vidro vulcânico”
O vulcanologista José Luis Barrera, que integra a associação de geólogos espanhóis, alerta que as cinzas em altas concentrações podem ser “um grave problema de saúde”, porque as pessoas acabam por as engolir “sem perceberem”, o que pode “causar problemas de garganta e toxicidade muito importante”, conforme declarações divulgadas pelo El Mundo.
“Essa cinza é feita de silicatos, ferro e magnésio, na verdade é magma do vulcão que se transforma, em contacto com o ar frio, no que se chama de vidro vulcânico, e não é como se comesse pão ralado, mas uma coisa bastante perigosa“, acrescenta.
A protecção contra as cinzas deve ser feita com o uso de máscara, “além de cobrir o máximo possível os olhos, que também podem sofrer com a entrada desses silicatos, que são muito tóxicos para o corpo humano“, conclui o vulcanologista.
Portuguesa teve que ser evacuada
A lava já cobre mais de 166 hectares de terreno e já destruiu 350 edifícios, muitos dos quais moradias, de acordo com dados da imprensa espanhola.
Há 12 portugueses a residir na ilha, segundo apurou a RTP1 junto da Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes.
A governante revela que “uma portuguesa que estava no trajecto da lava já teve que ser evacuada, ela própria saiu de casa e foi para casa de uma familiar”.
Todos os portugueses na ilha estão bem, segundo a mesma fonte.
Nesta altura, o vulcão entrou numa zona de “mini-estabilidade”, segundo os especialistas, mas continua a ser “bastante explosivo”. Mas a lava está agora a correr de forma mais lenta, a cerca de 4 quilómetros por hora.
Entretanto, há várias estradas encerradas e o aeroporto também pode vir a ser fechado, para evitar acidentes aéreos por causa da falta de visibilidade devido à nuvem de fumo que se alastra pelos céus.
Na zona de costa para onde a lava se encaminha, também foi restringida a circulação de barcos.
Lava está a destruir o “ouro” de La Palma
Os especialistas não conseguem prever quanto tempo vai durar a erupção. “Não somos adivinhos, é impossível saber“, refere o especialista em Geologia da Universidade de Salamanca, Pablo Gabriel Silva Barroso, em declarações ao El Mundo.
Pode continuar por “uns dias, umas semanas” ou mais, aponta ainda Barroso.
O Instituto Vulcanológico das Canárias já revelou que seria “aceitável” que durasse durante entre “24 e 84 dias”.
No meio da tragédia, já há quem vá fazendo contas à vida, nomeadamente no caso dos produtores de banana, que é o “ouro” de La Palma. O vulcão está a destruir a produção deste ano e a lava tornará os terrenos inférteis, o que complicará e muito a economia local.
Entretanto, há quem tenha visto “o trabalho de uma vida queimado”, conforme desabafos feitos aos media espanhóis por pessoas que perderam as suas casas.
Caros Senhores ZAP,
creio que, por plátano (penúltimo parágrafo) se refiram a bananas, certo?
Ora, corrijam lá, por favor, se não for muito incómodo.
Caro leitor,
Obrigado pela sugestão, está alterado.
Que grande limpeza!
É a Natureza!!!!