O cinema Londres, em Lisboa, encerrado em 2013 pela exibidora Socorama, dará lugar a uma loja chinesa de retalho, depois de se terem esgotado as hipóteses de reaproveitamento para fins culturais, disse à Lusa o representante do proprietário.
Um ano depois de ter fechado portas, por causa de um processo de falência da Socorama, o espaço do cinema Londres será alvo de obras de remodelação para a instalação de um estabelecimento comercial com sócios chineses, num contrato por dez anos.
O representante do proprietário do antigo cinema explicou à agência Lusa que o contrato para a loja chinesa só avançou “depois de dez meses de conversações goradas” com vários organismos e pessoas ligadas à cultura para que o Londres tivesse ainda um aproveitamento de carácter cultural.
Em causa terá estado o elevado custo das obras profundas que o espaço precisa, onde funcionaram duas salas de projecção e zona de restauração.
“Quando a administração da Socorama tomou a decisão de vender o recheio, tirou cadeiras, ecrãs, projectores, instalação eléctrica e o espaço ficou num estado terrível”, afirmou aquela fonte.
Sem adiantar data de abertura do espaço comercial, porque as obras ainda não foram feitas, o representante do proprietário referiu que o valor da renda está abaixo do que é praticado nesta zona da cidade (“menos de seis euros por metro quadrado”).
Contactado pela agência Lusa no final de Dezembro, o administrador da Socorama, João Paulo Abreu, afirmou que o Londres tinha fechado “definitivamente como cinema”, explicando na altura que a decisão estava relacionada com o arrendamento do espaço e com a actualização do valor das rendas..
Em declarações à agência Lusa no início deste mês, o presidente da junta de freguesia do Areeiro, Fernando Brancaamp, lamentava que o antigo cinema desaparecesse do bairro, mas desconhecia oficialmente se daria lugar a uma loja.
Nas últimas semanas foram lançadas duas petições em defesa do cinema, mas nenhuma deverá ter efeito, uma vez que o contrato está assinado.
Uma das delas foi lançada pelo movimento MaisLisboa, que propõe a criação de um modelo cooperativo com a sociedade civil para gerir o espaço.
A outra petição foi lançada pelo Movimento de Comerciantes da Avenida Guerra Junqueiro, Praça de Londres e Avenida de Roma, apelando à existência de um pólo cultural no bairro.
O representante do proprietário do Londres afirmou que “os comerciantes acordaram tarde” ao alegarem que “não sabiam” que havia hipótese de realizar um negócio.
Considerado uma das últimas salas em Lisboa a existir fora de centros comerciais, o cinema Londres foi inaugurado a 30 de Janeiro de 1972, com o filme “Morrer de amar”, de André Cayatte.
Com mais de mil metros quadrados de área, o Londres chegou a ser uma sala de bowling e uma discoteca.
/Lusa