A Cimeira pela Democracia decorre entre quinta e sexta-feira, por videoconferência, a convite do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Líderes e organizações de mais de 100 países e territórios, incluindo Portugal, participam a partir desta quinta-feira na Cimeira pela Democracia, uma iniciativa em formato virtual promovida pela administração norte-americana liderada por Joe Biden.
Com a organização deste encontro, o Presidente dos Estados Unidos cumpre uma promessa eleitoral: trazer o país de regresso aos palcos mundiais para liderar um grupo de democracias empenhadas em fazer frente às ambições expansionistas dos países autocráticos, em particular a China.
Na cimeira virtual — organizada até sexta-feira a partir de Washington — o Presidente norte-americano vai reunir chefes de Estado e de Governo e líderes de organizações, mas também representantes do setor privado e de organizações civis, num esforço global para defender as democracias contra o autoritarismo, a corrupção e os ataques sistemáticos aos direitos humanos.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, estará presente na cimeira, como representante do bloco europeu. Todos os membros da União Europeia (UE) irão participar na cimeira, exceto a Hungria, que não foi convidada.
Sem surpresas, os principais rivais de Washington, em particular a China, Rússia ou o Irão, não figuram na lista de participantes.
Turquia (aliado dos Estados Unidos na NATO), Cuba, Guatemala, Venezuela e os parceiros árabes tradicionais dos americanos (Egito, Arábia Saudita, Jordânia, Qatar ou os Emirados Árabes Unidos) constam igualmente na lista de países que ficaram de fora.
A nível da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) participam Angola, Brasil, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Guiné-Bissau, Guiné Equatorial e Moçambique não foram convidados.
Por outro lado, Biden convidou Taiwan, ilha autónoma que os Estados Unidos não reconhecem como um país independente, mas que encaram como um modelo democrático face à China.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, mas Pequim considera a ilha parte do seu território e já chegou a ameaçar a reunificação pela força.
Os críticos da Cimeira pela Democracia questionam a eficácia do encontro e perguntam o que poderá ser atingido em apenas dois dias de uma reunião em formato virtual, além de denunciarem o teor abstrato dos objetivos colocados.
Num artigo publicado no Politico, James Goldgeier, da Brookings Institution, e Bruce Jentleson, da Universidade de Duke, alertam para o facto de “selecionar quem é suficientemente democrático para fazer parte da lista de convidados criar tensões“.
Além disso, salientam que “o próprio conceito de uma Cimeira pela Democracia tem, na sua base, uma abordagem excessivamente ideológica com vista à gestão da agenda mundial”.
Os autores do artigo entendem que os compromissos que poderão vir a ser assumidos pelos representantes “têm de ser suficientemente concretos para que a cimeira seja mais do que uma oportunidade para aparecer na fotografia”.
ZAP // Lusa
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