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Cimeira das Coreias: terra de paz, visita inédita a Seul e candidatura aos Jogos Olímpicos

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Pyongyang Press Corps / Pool / EPA

O Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, com o líder norte-coreano, Kim Jong-un

Os líderes das duas Coreias comprometeram-se a fazer da península coreana “uma terra de paz”, com o Norte disposto a avançar com o desmantelamento do seu programa nuclear, se os EUA também tomarem “medidas proporcionais”.

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, concordou em desmantelar de forma permanente o principal complexo nuclear em Nyonbyon, se os EUA tomarem “medidas proporcionais”, e em encerrar instalações de testes em Punggye-ri e lançamento de mísseis em Sohae.

O desmantelamento do complexo de Yongbyon, epicentro do programa nuclear do país, fica dependente de “medidas proporcionais” a serem tomadas pelos EUA, tal como acordado na cimeira de Singapura, que decorreu em junho e que juntou o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o Presidente dos EUA, Donald Trump.

Na declaração conjunta assinada por Kim Jong-un e o Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, na cimeira que decorre em Pyongyang, reafirma-se o compromisso de eliminar armas nucleares da península coreana e enfatiza-se a importância de fazer progressos reais assim que possível.

A decisão de Kim Jong-un em desmantelar permanentemente as principais instalações de testes e de lançamento de mísseis perto de sua fronteira com a China é o passo mais concreto nos dois dias da cimeira entre os dois líderes em Pyongyang, embora deixe medidas adicionais relacionadas com a desnuclearização dependentes de Washington.

Os dois líderes, Kim e Moon, concordaram em promover esforços conjuntos para garantir uma península coreana livre de armas nucleares.

Visita inédita a Seul

A Coreia do Norte tem exigido ao longo dos anos uma declaração formal do fim da Guerra da Coreia, que foi interrompida em 1953 por um cessar-fogo, mas nenhum dos líderes mencionou esse facto. “Concordamos em fazer da península coreana uma terra de paz, livre de armas nucleares e ameaça nuclear”, disse Kim ao lado de Moon.

“O caminho para o nosso futuro nem sempre será tranquilo e podemos enfrentar desafios e provações que não podemos antecipar. Mas não temos medo de ventos contrários, porque a nossa força crescerá à medida que superamos cada tentativa com base na força de nossa nação”, acrescentou.

Na declaração conjunta, Kim jong-un prometeu visitar Seul “num futuro próximo”, o que a acontecer o tornará no primeiro líder norte-coreano a visitar a capital da Coreia do Sul desde que a península foi dividida no final da Segunda Guerra Mundial, em 1945. O seu falecido pai, Kim Jong-il, prometeu fazê-lo quando líderes sul-coreanos o visitaram em Pyongyang, em 2000 e 2007, mas a viagem a Seul nunca aconteceu.

Acordo para reduzir tensões militares na fronteira

No mesmo dia, o ministro interino da Defesa sul-coreano, Song Young-moo, e o homólogo norte-coreano, No Kwang-chol, assinaram o acordo no quadro da cimeira que reuniu os líderes dos dois Estados e que se prolonga até quinta-feira.

De acordo com o documento, os dois países vão suspender – a partir de 1 de novembro – as respetivas manobras junto à fronteira terrestre e eliminar 11 postos militares de fronteira até ao final do ano.

As duas Coreias vão estabelecer também uma zona de restrição aérea junto à linha de divisão e determinar uma zona junto à fronteira marítima em que vão ser proibidas manobras navais. O mesmo documento refere que o acordo assinado hoje prevê o alívio da tensão militar entre os dois países.

A declaração conjunta assinada hoje prevê também aumentar as trocas transfronteiriças no sentido do desenvolvimento económico comum e, em concreto, vai empreender ligações ferroviárias e rodoviárias antes do final do ano.

Por último, foi decidido promover reuniões de famílias separadas pela guerra, através de ligações vídeo e a abertura de um gabinete na cidade fronteiriça norte-coreana para que os civis dos dois países possam localizar familiares.

Candidatura conjunta aos Jogos Olímpicos de 2032

Além de todos estes compromissos, as duas Coreias acordaram em avançar com uma candidatura conjunta para os Jogos Olímpicos de 2032, noticiou a Associated-Press (AP).

De acordo com a AP, os dois líderes também concordaram em colaborar, em breve, noutros grandes eventos desportivos, nomeadamente nos Jogos Olímpicos 2020, em Tóquio.

A proposta de uma organização conjunta já havia sido anunciada, na semana passada, pelo ministro do Desporto sul-coreano. “Vou fazer essa proposta ao Norte em nome da paz. Seul e Pyongyang organizarão os Jogos em conjunto“, disse, à data, Do Jong-hwan.

As duas Coreias já tinham discutido a possibilidade de sediar conjuntamente os Jogos Olímpicos de Verão de 1988, mas as negociações fracassaram e Seul acabou por avançar sozinha.

Uma nova era vigora no relacionamento entre os dois vizinhos, que chegaram a formar uma equipa unificada de hóquei no gelo para os Jogos Olímpicos de Inverno, que a Coreia do Sul organizou em fevereiro.

 

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Esperamos e desejamos que o camarada Kim reconheça que não é nenhum super-homem e que o melhor será juntar-se àqueles que são um pouco mais humanos para bem dos coreanos e dos demais.

  2. “Terra da paz” Oxalá que a brilhante ideia seja mesmo verdadeira, isto é, seja cumprida – Sr. “de mal a pior” – digo-lhe que sou contra o anonimato, salvo em raríssimas excepções! Não entendo: “juntar-se àqueles que são um pouco mais humanos” até parece os evangelizadores – a cruz numa mão e a espada noutra…
    Por mim ninguém tem que ter bombas atómicas ou outras armas para matar/aniquilar os Humanos/seres vivos! Se na minha opinião a Coreia do Norte não deve possuir a bomba atómica, por que outros países podem? Será que as bombas atómicas deles, são mais Humanizadas?

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