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‘Ciganofobia’ está no dia-a-dia da sociedade e combate-se com informação, diz secretária de Estado

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Mário Cruz / Lusa

A secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade disse na segunda-feira que a ‘ciganofobia’ acompanha o dia-a-dia da sociedade portuguesa e que a discriminação das comunidades ciganas se combate com informação e trabalho a nível local.

Em declarações durante a apresentação do Plano Local para a Integração das Comunidades Ciganas da Figueira da Foz, Rosa Monteiro defendeu a informação para combater ações como a colocação de sapos de loiça à porta dos estabelecimentos comerciais – com o intuito de afastar a comunidade cigana – uma prática discriminatória, já que aquele animal é tradicionalmente conotado como um símbolo de azar para os ciganos.

A governante lembrou que “há muitos anos”, num restaurante algarvio, viu vários desses sapos colocados no jardim e questionou o porquê de ali estarem. A explicação de que serviam para afastar os ciganos deixou-a chocada: “Mesmo em estado de choque”, enfatizou Rosa Monteiro.

“Acredito que há muitas pessoas que também desconhecem o porquê e que o sapo, nos estabelecimentos comerciais, é usado como elemento de segregação e discriminação”, frisou ainda.

A secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade – pasta que irá manter no novo Governo – revelou que, nos dias de hoje, sempre que entra numa loja que tenha sapos à porta se indigna com a situação e advoga que os cidadãos também o façam.

“Isso é que temos de fazer todos enquanto cidadãos, nunca haverá bons resultados na política pública se as pessoas, cada uma na sua vida, e no seu exercício de cidadania, não tiverem essa consciência”, argumentou Rosa Monteiro, defendendo que a integração se faça dentro e fora das comunidades nómadas.

E precisou: “Nunca conseguiremos trabalhar a integração, a cidadania nas pessoas ciganas se não trabalharmos dentro e fora [das comunidades] e em conjunto. Desde logo com a existência de uma pessoa mediadora cigana que tem essa função, não é só trabalhar dentro da sua comunidade é ser, no fundo aqui o veículo de tradução cultural para desconstruir tantos mitos, tantos estereótipos, tantos preconceitos que temos”.

“Sempre me perturbou bastante este desconhecimento profundo que nós temos do que é e o que são as pessoas ciganas, a generalização que fazemos. Acho que não há trabalho [que se possa fazer] sem ser um trabalho bilateral”, acrescentou a governante.

Questionada pela Lusa sobre a necessidade eventual de uma campanha a nível nacional contra atitudes discriminatórias, reputou-a de “importante”, considerando também fundamentais as campanhas a nível local.

“Chamar para o espaço público, para as notícias, para os órgãos de comunicação social locais, visões positivas e alternativas que eliminem esta ideia fatalista que das comunidades ciganas só vêm coisas negativas”, observou.

Destacou, a esse propósito, o caso de um cigano “bombeiro voluntário”, argumentando que esse e outros exemplos dentro da comunidade cigana terão de ser divulgados e, ao mesmo tempo, “consciencializar para a discriminação que estas pessoas vivem. Informar, informar”, insistiu.

“E abaixo os sapos discriminatórios, sendo que o bicho não tem culpa nenhuma”, notou a secretária de Estado.

Diana Rodrigues, vereadora na autarquia da Figueira da Foz com o pelouro da Ação Social, lembrou que, em 2015, aquele município do litoral do distrito de Coimbra desenvolveu uma campanha juntamente com a organização SOS Racismo, designada “Não engolimos sapos”, destinada à erradicação das representações de sapos em estabelecimentos comerciais.

“Cremos que algum impacto há de ter ficado porque já não é tão frequente como outrora esta situação. E tendemos a acreditar que através da informação, da educação e do conhecimento se erradicam muitos dos preconceitos e das ideias erradas e preconcebidas que se geram em torno das comunidades ciganas e aí o trabalho é efetivo”, garantiu.

Por outro lado, o município aposta na formação de professores e auxiliares de ação educativa, bem como em levar para as escolas “mais informação sobre a cultura cigana”. “Sabemos que estamos assim a criar uma próxima geração muito menos preconceituosa e muito mais protetora da igualdade”, disse Diana Rodrigues.

ZAP //

11 Comments

  1. Não sei se a colocação de sapos evita a entrada de ciganos nos estabelecimentos, mas se eu fosse dono de um bar ou restaurante era algo que teria logo á entrada, bem visível. Os atritos que os ciganos podem provocar, a sujidade que deixam nos locais, o barulho e confusão que incomodam os outros clientes e os funcionários fazem com que não sejam bem vindos. Essa sra. Rosa Monteiro que tanto se ofende com a discriminação nunca se viu numa situação desagradável provocada por membros dessa comunidade, que vive á parte do resto da sociedade.
    Mas pegando na ideia de divulgação das “boas práticas”, como no exemplo do bombeiro voluntário, sou 100% a favor que se divulguem sim. Mas na condição de se divulgar em simultâneo as “más práticas”. veremos quem ganha, as “boas”, ou as “más”.

    • Completamente de acordo!
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      E claro que há descriminação; os ciganos não tratam as outras pessoas do mesmo modo como tratam os outros ciganos, nem roubam a outros ciganos como fazem à restante população, nem sequer vivem a custa de outros ciganos – preferem viver a custa dos restantes contribuintes!!
      Também não gostam de lei ou ordem, nem se preocupam em cumprir as regras como tem que fazer a sociedade em geral.
      Portanto, há, sem qualquer dúvida, discriminação – principalmente por parte dos ciganos para com a restante população, claro!!
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      Coitadinha, ficou em “estado de choque” por causa dos sapos de decoração… já os roubos, a desordem, a violência, etc, etc provocada pela ciganada, provavelmente não a incomoda!…
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      Claro que estou a generalizar e, felizmente, há excepções, mas a maioria é assim e não é por alguém tentar branquear a realidade que as coisas mudam!
      Mudam com ordem e disciplina!!

  2. …toda a ideia da notícia já é absurda quando parte do pressuposto que a maioria dos ciganos se quer integrar na sociedade, qual é a dificuldade (ou interesse) em perceber que o cigano se orgulha em viver do parasitismo social? Sem qualquer ironia, é uma questão de orgulho para eles. Concordo em integrar quem quer ser integrado, os outros não deviam receber nenhum da sociedade que tanto desprezam.

  3. Nada como apoiar quem nunca descontou, nem pagou impostos dos negócios que fazem sim é do que o comum cigano vive do negocio a arte de enganar o próximo com muita destreza e que no fim ainda recebe todo o mês um cheque do estado. Se não são portugueses fora com eles que não estão a fazer nada a não ser a vampirizar o estado social onde vivem.

  4. Nem contra a Etnia Cigana, nem contra seja quem for………….O problema reside em pessoas que decidem de se marginalizar da Sociedade em que vivem em prol da “tradição”, mas pretendem beneficiar das Estruturas Sociais da mesma !…….. Isso é que é inadmissível !

  5. Eu tenho um espaço comercial no norte do país e infelizmente sempre que entram ciganos é para roubar. Até hoje acho que foi sempre o caso. Em três situações em que foram apanhados a roubar chamou-se a polícia mas quando chegaram já iam bem longe. Uma vez uma das funcionárias tentou impedir a entrada pelo facto do casal cigano já no passado ter sido apanhado a roubar em flagrante na loja e ameaçaram a funcionária e juraram que voltariam para lhe fazer a folha. Isto tem tudo muito que se lhe diga.
    Não são todos iguais. Conheço ciganos totalmente integrados, com família, respeitados no meio onde vivem. Mas há muitos que vivem completamente à margem da sociedade e não respondem perante as nossas leis, as nossas forças policiais e o nosso sistema de justiça. Vivem do crime e dos apoios do Estado, cometem crimes (como aquele bárbaro espancamento em Coimbra em que dois ciganos quase mataram um jovem) e nada lhes acontece.

  6. Uma notícia que não teve destaque, as agressões da semana passada aos bombeiros de Borba por membros de etnia cigana.
    Aqui está a necessidade de informação.
    Gostava de saber qual é a reacção agora da sra. Rosa Monteiro.

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