Cientistas russos estão a procurar produzir, de forma sintética, petróleo leve de alta qualidade, usando como matéria-prima o xisto e resíduos de utilização de variedades pesadas de “ouro preto”.
Os autores da técnica estão convencidos de que o petróleo sintético será comparável, quanto à qualidade, ao petróleo norueguês leve de mais elevada qualidade.
Já o preço do novo “ouro preto” será inferior a 30 dólares por barril, um terço do preço da cotação do barril de petróleo neste momento: 91,5 dólares.
O petróleo sintético poderá assim ser a base para os combustíveis do futuro, mais ecológicos e eficientes.
Contudo, a sua produção envolve processos de alta tecnologia, apesar da matéria-prima ser acessível – sobretudo, xisto e sobras resultantes do processamento do “petróleo pesado”.
Nos EUA e em alguns países da Europa Ocidental foram desenvolvidos processos próprios de produção de combustível líquido sintético, encontrando-se em diferentes fases de aplicação ou de concurso.
A demanda de uma forma de produção de combustível sintético explica-se pelo aumento da procura de gasolina, gasóleo e querosene de alta qualidade, e a preocupações com normas ambientais e de eficiência energética.
“Há muito xisto na Rússia, e resíduos de petróleos pesados como o alcatrão, existem em qualquer refinaria”, dia à RVR a líder do projecto, Liudmila Gulyaeva, investigadora do Instituto de Biologia Molecular e Biofísica de Novosibirsk, na Rússia.
Resta apenas encontrar uma abordagem que permita, com o mínimo de custos e a máxima produção, utilizar esta matéria-prima na produção do petróleo sintético.
A fórmula dos cientistas russos é simples: preparar uma emulsão de água e alcatrão que é misturada com o xisto desfeito, em dimensões microscópicas. A uma determinada temperatura, essa mistura, que não pode arrefecer, é colocada num aparelho especial, onde é acrescentado um oxidante.
A combustão incompleta deste “cocktail” liberta um gás, que é limpo de aditivos tóxicos e, com a ajuda de determinadas reacções químicas, transformado num gás sintético.
Este gás sintético entra então num complexo processo técnico, com diversas reacções, até que renasce sob a forma de hidrocarbonetos superiores, ou seja, petróleo sintético, que pode ser transformado em gasolina, gasóleo ou querosene.
A dificuldade da tecnologia reside nas condições de que necessita, e nas quais devem ser realizadas as referidas manipulações, explica Liudmila Gulyaeva.
O combustível conseguido a partir deste tipo de matéria-prima será muito mais limpo, porque o petróleo sintético não contém enxofre.
“E isso é uma grande vantagem”, comenta Gulyaeva.
ZAP / RVR