Em agosto, uma enorme “jangada” de pedra-pomes foi encontrada à deriva no Oceano Pacífico, a caminho da Austrália. Agora, os cientistas já sabem qual foi a sua origem.
Segundo o Science Alert, imagens de satélite mostram que a “jangada” de pedra-pomes foi produzida pela erupção de um vulcão subaquático a 50 quilómetros da costa da ilha Vava’u, no norte de Tonga.
No dia 6 de agosto, o satélite Sentinel-2, da Agência Espacial Europeia (ESA), capturou duas plumas vulcânicas na superfície do oceano. Esses anéis de fumo estavam localizados diretamente acima do Vulcão F, agora batizado com este nome pelos investigadores.
A equipa também recolheu dados de estações sísmicas, uma vez que a atividade vulcânica geralmente é acompanhada de atividade sísmica.
“Infelizmente, a densidade dessas estações na região é muito baixa. Houve apenas duas que registaram sinais sísmicos de uma erupção vulcânica. Porém, os seus dados são consistentes em como o Vulcão F foi a origem”, afirma o geólogo Philipp Brandl, do GEOMAR, na Alemanha, e um dos autores do estudo publicado no Journal of Volcanology and Geothermal Research.
Usando um multibeam echosounder — um tipo de sonar usado para mapear o fundo do mar —, os cientistas já tinham pesquisado a zona ao redor do vulcão durante dezembro de 2018 e janeiro deste ano. Os dados revelaram uma grande caldeira vulcânica central que mede cerca de oito por seis quilómetros, com uma base de 700 metros abaixo da superfície.
Inicialmente, a “jangada” de pedra-pomes produzida pelo Vulcão F media 136,7 quilómetros quadrados, embora posteriormente tenha flutuado um pouco. O volume mínimo estimado de pedra-pomes é de 8,2 milhões a 41 milhões de metros cúbicos.
Esta enorme “jangada” está atualmente à deriva na costa nordeste da Austrália, onde se encontra a Grande Barreira de Corais. Este é um fator empolgante para os cientistas porque é provável que dê aos recifes uma nova vida, levando consigo novos corais, algas, caranguejos, caracóis e vermes.
A descoberta de que o Vulcão F produziu a pedra-pomes é outra peça do puzzle. Embora só tenha sido agora batizado, o vulcão foi descoberto em 2001, depois de expelir uma grande quantidade de pedra-pomes durante uma erupção nesse ano.
Essa “jangada” demorou cerca de um ano a chegar à costa leste da Austrália, em outubro de 2002, com rochas cobertas de algas, crustáceos marinhos e outras espécies. De acordo com o mesmo site, os detritos da erupção deste ano devem chegar mais rapidamente: com base na sua velocidade, estima-se que atinja a Grande Barreira de Corais no final de janeiro ou no início de fevereiro de 2020.
Graças à sua aparente importância para a ecologia marinha — e porque o vulcão parece ser muito ativo — os investigadores esperam, quando chegar a terra firme, recolher algumas amostras para estudar a geoquímica da pedra-pomes.