Cientistas enxertaram genes Neandertais em ratos. Eis o que aconteceu

ZAP // Dall-E-2

Uma equipa de cientistas inseriu em ratos um conjunto de genes presentes no genoma ancestral de Neandertais e Denisovanos. Entre outras alterações na sua morfologia, o crânio das cobaias aumentou.

Investigadores da Universidade de Medicina de Kyoto, no Japão, usaram a tecnologia de edição genética CRISPR para inserir em ratos genes presente no genoma dos Neandertais e Denisovanos.

De acordo com os autores do estudo, que se encontra pré-publicado na bioRxiv, esta edição genética provocou alterações físicas significativas nos ratos.

A equipa estudou especificamente o ancestral gene GLI3, conhecido pelo seu papel crucial no desenvolvimento embrionário. Mutações neste gene estão normalmente associadas a malformações físicas como a polidactilia (um número anormal de dedos) e deformações no crânio.

Os resultados do estudo permitiram concluir que a presença deste gene fez com que os ratos apresentassem cabeças maiores, costelas torcidas e vértebras encurtadas.

Os Neandertais e Denisovanos tinham uma variante ligeiramente modificada do gene GLI3, que diferia da variante humana moderna — que, no entanto, não causava qualquer defeito craniano letal nem polidactilia.

Em vez disso, estas duas espécies extintas de humanóides eram marcadas por diferentes características morfológicas, como crânios alongados e baixos, ossos mais protuberantes na zona das sobrancelhas e caixas torácicas mais amplas.

Para entender o impacto deste gene nos hominídeos, os investigadores começaram por enxertar nos ratos uma versão degenerada do gene GLI3 contemporâneo— que resultou em deformações severas do crânio e polidactilia. Esta experiência sublinhou a importância deste gene para o crescimento embrionário saudável.

Já quando manipulados com a versão do gene presente nos Neandertais e Denisovanos, os ratos mostraram estruturas esqueléticas alteradas, como crânio ampliado, vértebras com formas alteradas e malformações nas costelas.

Estes ratos tinham menos vértebras e apresentavam uma maior torção das costelas em comparação com ratos normais — diferenças semelhantes às encontradas entre os humanos modernos e os Neandertais.

Alguns dos ratos apresentavam ainda caixas torácicas assimétricas, uma deformação associada à escoliose — o que, realça a IFLS, coincide com estudos recentes segundo os quais os Neandertais podem ter sido propensos a condições como escoliose e macrocefalia.

Os autores do estudo acreditam, assim, que a antiga variante do gene GLI3 presente no genoma de Neandertais e Denisovanos pode ter influenciado as características físicas da sua cabeça e corpo.

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