“Ser disparado de uma arma em alta velocidade”. Mais uma coisa para juntar à lista infindável de coisas a que os tardígrados podem sobreviver.
De acordo com o site Science Alert, a astroquímica Alejandra Traspas e o astrofísico Mark Burchell, ambos da Universidade de Kent, no Reino Unido, queriam saber se organismos semelhantes aos tardígrados conseguem sobreviver sob certas condições no Espaço.
Isto porque, recorde-se, em 2019 estes “indestrutíveis” animais, também conhecidos como ursos de água, chegaram à Lua, depois de uma viagem na sonda espacial israelita Beresheet, que acabou por se despenhar.
Para isso, os investigadores utilizaram uma arma de gás leve – um aparelho projetado para gerar velocidades extremamente altas – com um processo de duas etapas: primeiro a pólvora e depois um gás leve, como hidrogénio ou hélio, colocado sob pressurização rápida, para atingir velocidades de até oito quilómetros por segundo.
A equipa “carregou-a” com dois ou três tardígrados da espécie Hypsibius dujardini, cada um dentro do seu sabot de nylon, tendo sido congelados para induzir o seu estado de hibernação. Estes objetos foram então disparados contra alvos de areia numa câmara de vácuo, a velocidades de 0,556 a 1,00 quilómetros por segundo.
O alvo de areia foi de seguida despejado numa coluna de água para isolar os tardígrados, que foram separados e observados para determinar quanto tempo demoravam para sair do estado de hibernação. Como grupo de controlo, 20 tardígrados foram apenas congelados, tendo todos recuperado após cerca de oito ou nove horas.
Os espécimes “disparados” sobreviveram, inclusive quando se tratou de uma velocidade de impacto de 825 metros por segundo, embora tenham demorado mais a recuperar, o que sugeria danos internos. A velocidade mais alta seguinte, 901 metros por segundo, não teve tão bons resultados.
“Nos tiros de até e incluindo 0,825 quilómetros por segundo, tardígrados intactos foram recuperados após o tiro, mas nos tiros de alta velocidade só conseguimos recuperar fragmentos dos tardígrados”, escreveram os autores do estudo publicado, a 11 de maio, na revista científica Astrobiology.
Segundo o mesmo site, isto sugere que o limite de sobrevivência está entre estes dois números, o equivalente a uma pressão de choque de 1,14 gigapascals.
E embora o estudo não responda diretamente à questão sobre se estes animais microscópicos sobreviveram depois de cair na Lua, em 2019, sabemos que os dados finais da sonda espacial indicavam uma velocidade vertical de 134,3 metros por segundo e uma velocidade horizontal de 946,7 metros por segundo. Logo, há esperança de que os tardígrados possam ter sobrevivido à viagem.