Cientistas descobrem um verme “fascinante” que pode substituir os pesticidas

Foi descoberto um verme minúsculo, de uma nova espécie, que poderá ser usado para matar insetos, substituindo os pesticidas químicos.

A nova espécie, chamada Steinernema adamsi, é um verme do género nemátodo, cujas outras espécies têm sido utilizadas há anos para controlar e matar insetos, segundo um estudo publicado no Journal of Parasitology.

“Pulverizamos biliões deles nas culturas todos os anos e são fáceis de comprar”, disse Adler Dillman, professor de nematologia da Universidade da Califórnia Riverside e co-autor do estudo.

“Embora existam mais de 100 espécies de Steinernema, estamos sempre à procura de novas espécies porque cada uma tem características únicas. Algumas podem ser melhores em certos climas ou com certos insetos”.

Esta nova espécie foi descoberta em amostras do solo por baixo de uma árvore longan na Tailândia e é minúscula, com apenas cerca de 0,04 polegadas de comprimento.

“Fizemos uma análise de ADN às amostras e percebemos que não eram as que tínhamos pedido. Geneticamente não se pareciam com nada que já tivesse sido descrito”, disse Dillman. “Vários milhares num frasco parecem-se com água empoeirada”.

“Um parasita que expele material patogénico para ajudar a matar o seu hospedeiro é algo de invulgar“, afirmou Dillman. “É como algo saído de um filme de James Cameron.”

De acordo com a Newsweek, o inseto geralmente morre rapidamente, muitas vezes dentro de 48 horas após a infeção.

“Essencialmente, depois ficamos com um saco que costumava ser o seu corpo. Pode haver 10 ou 15 nemátodos num hospedeiro e, 10 dias depois, há 80.000 novos indivíduos no solo à procura de novos insetos para infetar”, disse Dillman.

Esta forma de controlo de pragas, conhecida como controlo biológico, é regularmente utilizada com outras espécies de nemátodos para proteger culturas de elevado valor como relvados e jardins, citrinos, arandos e cogumelos.

O estudo revelou que o Steinernema adamsi pode, de facto, infetar e matar insetos — o que foi confirmado após experiências com a colocação dos nemátodos em recipientes com traças da cera.

“Matou as traças em dois dias com uma dose muito baixa de vermes”, disse Dillman.

Os investigadores esperam descobrir mais propriedades da nova espécie, tais como os insetos que pode infetar e as suas limitações em termos de exposição à luz ultravioleta, ao calor e à secura.

No entanto, as perspetivas são boas as espécies primas de Steinernema adamsi são capazes de infetar centenas de espécies de insetos, o que significa que o Steinernema adamsi poderá vir a ser útil no controlo de pragas.

“Isto é excitante porque a descoberta acrescenta mais um inseto assassino que nos pode ensinar uma biologia nova e interessante“, disse Dillman.

“Além disso, são de um clima quente e húmido, o que poderia torná-los um bom parasita de insetos em ambientes onde atualmente os nemátodos de pomar, comercialmente disponíveis, não conseguem florescer”.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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