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Cientistas acreditam ter descoberto o significado das estátuas da Ilha da Páscoa

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(CC0/PD) Wolk9 / Pixabay

Estátuas Moai, na ilha de Páscoa, no Chile

Rapa Nui, a Ilha de Páscoa, é o lar dos enigmáticos Moai, monólitos de pedra que vigiam a paisagem da ilha há centenas de anos. A sua existência é uma maravilha e o seu significado um mistério.

Os antigos escultores de Rapa Nui trabalharam a pedido da classe dominante de elite para esculpir quase mil Moai porque a comunidade acreditava que as estátuas conseguiam produzir fertilidade agrícola e, portanto, suprimentos essenciais de alimentos, de acordo com um novo estudo de Jo Anne Van Tilburg, diretora do Projeto Estátua da Ilha de Páscoa, publicado em novembro no Journal of Archaeological Science.

Van Tilburg e a sua equipa, que trabalharam com a geoarqueóloga e especialista em solos Sarah Sherwood, acreditam que encontraram evidências científicas desse significado há muito hipotético, graças ao estudo de dois Moai escavados em cinco anos na pedreira de Rano Raraku, no lado leste do país.

A análise mais recente de Van Tilburg concentrou-se em dois dos monólitos situados na região interna da pedreira de Rano Raraku, que é a origem de 95% dos mais de mil Moai da ilha. Testes laboratoriais de amostras de solo da mesma área mostram evidências de alimentos como banana, taro e batata-doce. A investigadora disse, em comunicado, que a análise mostrou que, além de servir como pedreira e local de escultura de estátuas, Rano Raraku também era o local de uma área agrícola produtiva.

Os solos em Rano Raraku são os mais ricos da ilha, de acordo com Sherwood. Juntamente com uma fonte de água doce, parece que a prática da pedreira ajudou a aumentar a fertilidade do solo e a produção de alimentos nas imediações. Os solos da pedreira são ricos em argila criada pelo desgaste do lapilli tuff – a rocha local -, enquanto os trabalhadores extraíam as rochas mais profundas e esculpiam os Moai.

Segundo Sherwood, os antigos povos indígenas de Rapa Nui eram muito intuitivos sobre o que cultivar, plantando várias colheitas na mesma área, o que pode ajudar a manter a fertilidade do solo.

“Este estudo altera radicalmente a ideia de que todas as estátuas de pé em Rano Raraku estavam simplesmente a aguardar transporte para fora da pedreira”, disse Van Tilburg. “Estes e provavelmente outros Moai na vertical em Rano Raraku foram mantidos no local para garantir a natureza sagrada da própria pedreira. Os Moai eram centrais na ideia de fertilidade e a sua presença aqui estimulava a produção de alimentos agrícolas”.

Estima-se que as estátuas da pedreira foram construídas entre 1510 para 1645. A atividade nesta parte da pedreira provavelmente começou em 1455. A maior parte da produção de Moai cessou no início dos anos 1700 devido ao contacto ocidental.

Este é o primeiro estudo a revelar a pedreira como uma paisagem complexa e a fazer uma declaração definitiva que vincula a fertilidade do solo, a agricultura, a pedreira e a natureza sagrada dos Moai.

Localizada no Chile, a Ilha de Páscoa é um dos locais mais misteriosos do nosso planeta. Há dois mil anos, foi lar de uma civilização polinésia que deixou na ilha um grande número de vestígios em forma de moais gigantes que, acreditam os cientistas, personalizam os antepassados dos antigos moradores da região.

A civilização praticamente desapareceu da ilha antes da chegada dos primeiros colonizadores. Desde então, o seu desaparecimento tem levando dúvidas mas, de acordo com as teorias mais aceites pela comunidade científica, a sua extinção pode estar relacionada com a falta de recursos ou com guerras entre grupos.

Em agosto, o governo chileno anunciou que deverá rebatizar a Ilha de Páscoa, apelidando-a de Ilha Rapa Nui, que significa “Ilha Grande” e é o seu nome ancestral.

Ilha de Páscoa foi a denominação dada pelo explorador holandês Jakob Roggeveen (1659-1729) – oficialmente o primeiro europeu a pisar na ilha –, que, como chegou à região num domingo de Páscoa, resolveu dar-lhe esse nome.

Em 1995, a UNESCO designou a Ilha de Páscoa como Património da Humanidade.

ZAP //

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