Uma equipa de cientistas propôs um novo processo para explicar por que a atmosfera superior do Sol é muito mais quente do que a sua superfície.
Quanto mais nos afastamos de uma fonte de calor, mais frio fica. Só há uma exceção: a superfície do Sol.
Segundo Jonathan Squire, investigador do Departamento de Física da Universidade de Otago, a superfície do Sol mede 6000 ºC, mas numa curta distância de apenas algumas centenas de quilómetros (coroa solar) aquece subitamente para mais de um milhão de graus.
“Sabemos por medições e teorias que o salto repentino de temperatura está relacionado com os campos magnéticos que saem da superfície do Sol”, explicou Squire, citado pelo Science Daily.
“Os astrofísicos têm várias ideias diferentes sobre como a energia do campo magnético pode ser convertida em calor para explicar o aquecimento, mas a maioria tem dificuldade em explicar alguns aspetos das observações”, acrescentou.
A equipa descobriu que duas teorias já conhecidas podem ser fundidas numa só: tanto o aquecimento causado pela turbulência como o aquecimento causado por um tipo de onda magnética chamada “onda de ciclotrão iónico” podem ajudar a desvendar o mistério que intriga os cientistas.
Como nenhuma destas teorias era consistente com os resultados observados, os cientistas decidiram utilizar um supercomputador para realizar uma simulação em seis dimensões do gás coronal.
A experiência mostrou que ambas integram o mesmo processo através de um efeito físico conhecido como “barreira de helicóptero“, que limita o aquecimento dos eletrões ao impedir o seu fluxo, permitindo que a energia seja desviada para ondas ciclotrónicas a partir de iões.
Ao simularem a turbulência do campo magnético, os investigadores notaram que este fenómeno criou ondas de ciclotrão, que provocaram o aquecimento da coroa solar.
O resultado da investigação mostrou que a interação do vento solar com o campo magnético terrestre pode criar vários eventos, desde a radiação que pode destruir satélites até tempestades geomagnéticas que danificam sistemas de energia.
O artigo científico foi publicado, a 24 de março, na Nature Astronomy.