Cientistas do SETI, Instituto de Pesquisa de Inteligência Extraterrestre, afirmam ter tido a sua primeira “chamada de contacto” — com uma baleia. A conversa durou 20 minutos, e ninguém sabe do que falaram…
Segundo o IFL Science, o que interessa ao Instituto é que as baleias podem servir como um substituto para contactar essas inteligências alienígenas.
Através do estudo do chamamento das baleias corcundas, publicado na revista Peer J, a equipa espera conhecer a quantidade de informação que as suas vocalizações podem transmitir, medir a complexidade da sua “linguagem” e talvez descobrir regras de comunicação que possam ser aplicadas ao contacto com extraterrestres.
“Tal como a astrobiologia utiliza a Antártida como substituto de Marte, também nós estamos a utilizar sistemas de comunicação não humanas — mas complexos — como substituto de um sinal ETI, se e quando este puder ser recebido”, explica o Instituto sobre o projeto.
“As baleias jubarte cresceram no mesmo planeta e à volta da mesma estrela que os humanos, mas os seus sistemas de comunicação não são certamente humanos. Assim, podemos desprovincializar o nosso pensamento e a nossa abordagem à deteção de vida inteligente no Espaço”.
Através de conhecimentos adquiridos com este projeto, a equipa tentou conversar com as baleias jubarte numa investigação publicada em novembro de 2023, fazendo-lhe chamadas na esperança de obter uma resposta.
Embora a maioria das baleias tenha ignorado as chamadas, uma baleia jubarte chamada Twain aproximou-se do barco da equipa e circulou-o, parecendo responder à chamada com vocalizações próprias.
“Acreditamos que esta é a primeira troca comunicativa entre humanos e baleias-corcundas na ‘linguagem’ das baleias-corcundas”, disse Brenda McCowan da Universidade da Califórnia, Davis.
Sobre o que foi a conversa?
Não, se sabe. De facto, não sabemos realmente o que significavam as vocalizações com os investigadores enviaram e muito menos a resposta de Twain.
Mas houve algum tipo de tentativa de comunicação, com a baleia a parecer responder com base nas suas vocalizações e comportamento.
“Foi uma chamada de contacto“, disse Josie Hubbard, especialista em comportamento animal. É assim que as baleias chamam umas pelas outras. Elas fazem “whoops” e “thrups” e acreditamos que é assim que elas determinam a localização umas das outras”. E aqui estávamos a ter um encontro único com Twain. Ela deu uma resposta estrondosa“.
A equipa espera que a tentativa de comunicar com as baleias possa ensinar algo sobre a comunicação com extraterrestre inteligentes e, a partir dessa interação, podemos ter aprendido um pouco sobre a vontade de outras espécies comunicarem de volta e que tipo de comunicação os animais podem preferir. Neste caso, Twain pareceu mais interessada no início da interação.
As chamadas para o grupo de baleias tinham sido gravadas no dia anterior e incluíam a própria Twain.
“Só podemos especular que esta forte resposta inicial ao nosso exemplo de chamada whoop aconteceu devido a um efeito de espelhamento da reprodução da própria chamada de Twain para si mesma ou a um aumento do interesse devido ao facto de a chamada ser identificável para um dos membros do seu grupo”, explicou a equipa do estudo.
“Embora talvez improvável, a primeira hipótese sugeriria uma capacidade cognitiva altamente evoluída de auto-conhecimento nas baleias jubarte que poderia ser mais explorada utilizando um tipo de design adaptativo interativo”.
“Se for o último caso, a diminuição do envolvimento encontrado ao longo da troca de reprodução fornece-nos uma visão mais profunda sobre como podemos melhorar os futuros designs de reprodução para desvendar a estrutura vocal e o significado na comunicação animal.
A equipa fez variar o tempo de resposta à baleia e verificou que o animal correspondeu ao seu tempo de resposta. Twain acabaria porém por se aborrecer.
“Embora os nossos resultados indiquem certamente a importância do controlo dinâmico sobre o elemento temporal numa reprodução, uma das principais limitações do nosso estudo de reprodução foi a incapacidade de modificar qualquer coisa para além do tempo da reprodução”, acrescentou a equipa.
“Esta limitação pode ter frustrado ou desinteressado a baleia ao longo das três fases, como indicado pelo seu comportamento à superfície.
Má tradução: “eventualmente” não é a tradução de “eventually”, mas sim “por fim” ou “finalmente”.
Ora a baleia não se desinteressou “eventualmente” do contacto, pois assim passa-se a ideia de que talvez tenha acontecido. “Eventualmente” tem sempre associado um lado hipotético, eventual.
Caro leitor,
Obrigado pelo reparo.
A expressão usada foi alterada para “acabaria por se aborrecer”.