Den Helder está a deixar de ser a “cidade mais feia” dos Países Baixos

Elekes Andor / Wikimedia

Museu da Marinha em Den Helder

Transformação assinalável numa cidade holandesa que tem uma reputação pouco simpática já desde os tempos da II Guerra Mundial.

Lá no norte dos Países Baixos, mesmo no ponto mais a norte da península da Holanda do Norte, mesmo no extremo, fica Den Helder.

A cidade é conhecida por ser o local de nascimento de Gerardus ‘t Hoof, que foi o Prémio Nobel da Física 1999; é conhecida por ser a sede de duas das principais bases navais dos Países Baixos.

Mas também é conhecida por ser… “a cidade mais feia” do país.

Há uma origem para esta designação: foi a cidade holandesa mais bombardeada durante a II Guerra Mundial.

Foi tal a destruição que quase não havia casas quando a guerra acabou. Por isso, foi preciso construir de forma rápida e barata – originando milhares de casas sociais, quase iguais umas às outras.

Outro fator: problemas económicos, muitos habitantes a deixarem a cidade e a saída da Marinha Real Holandesa. Tudo originou um cenário de lojas fechadas, bairros degradados e decadência urbana.

Mas agora Den Helder está a passar por uma transformação notável, assinala o De Volkskrant. Há arquitetura inovadora e sobretudo projetos de renovação urbana. Uma imagem nova, um novo sentimento de orgulho comunitário.

Destacam-se por exemplo dois complexos de apartamentos dos anos 1970, que agora foram redesenhados pelo arquiteto Ron van Leeuwen, inspirado na Casa Milà (de Antoni Gaudí, em Barcelona): os apartamentos têm varandas ondulantes impressas em 3D – que, além de melhorarem o aspeto do edifício, são espaços exteriores generosos; os moradores até cultivam na varanda, além das novas vistas panorâmicas.

Prevê-se que esta remodelação esteja pronta já neste mês, Março. Será então o maior edifício impresso em 3D do mundo.

A Câmara Municipal local comprou a doca de Willemsoord e contratou uma empresa de design urbano para elaborar um plano ambicioso, para modernizar o centro da cidade, revitalizando a área da estação, as zonas comerciais e os bairros residenciais. Tudo para tornar Den Helder atraente para residentes, militares e turistas.

Os espaços públicos têm vindo a ser melhorados. As ruas e praças, originalmente desenhadas para uma população de 120.000 habitantes, foram redimensionadas para se adequarem melhor aos atuais 56.000 habitantes (menos de metade). As praças para automóveis agora são parques, as ruas comerciais têm agora zonas verdes e os polos culturais foram deslocados para a histórica área de Willemsoord, transformando-a numa animada zona de lazer.

A Woningstichting Den Helder, corporação local de habitação, é protagonista nesta reforma. A corporação tem 37% do parque habitacional da cidade e, ao ver o fraco interesse dos investidores, arriscou e criou a sua empresa, focada em habitação social e infraestrutura comunitária.

E os projetos multiplicaram-se: um bairro colorido em Duinpark ou a School 7, uma antiga escola de 1905 convertida numa biblioteca pública – que foi eleita a melhor nova biblioteca pública do mundo em 2018.

Mas não são só as estruturas físicas que estão a mudar: há maior cuidado com as riquezas históricas da cidade, a vida noturna também foi revitalizada, com locais culturais e restaurantes a prosperarem na pitoresca zona ribeirinha de Willemsoord.

E ainda falta fazer muito: há 18 grandes projetos a decorrer em Den Helder.

A “cidade mais feia” passou a ser a um destino rico a nível cultural e inovador a nível arquitetónico.

ZAP //

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