Nos locais onde for possível negociar um acordo de governo com o Partido Popular (PP), o Cuidadanos vai fazê-lo, porque a sua direção executiva alargada (36 membros), reunida na segunda-feira, decidiu que o partido de Pablo Casado é o seu “sócio preferencial”.
Segundo noticiou o Público, em capitais de província e municípios onde não haja possibilidade de somar com o PP, o partido de Albert Rivera admitiu pactos com o PSOE, mas só com “dirigentes socialistas que se desmarquem das políticas de [Pedro] Sánchez”.
José Manuel Villegas, secretário-geral do Cuidadanos, que foi quem compareceu perante os jornalistas para dar conta da posição do partido, rejeitou a possibilidade de o partido se sentar à mesa com o PP e com Vox para estabelecer acordos tripartidos.
“Não haverá mesas a três”, referiu, admitindo, contudo, a possibilidade de algum encontro com o Vox, só para lhes explicar o que antes terão acordado com os populares. Respondia diretamente à proposta feita na segunda-feira pelo número dois do PP, Teodoro García Egea, de começar as negociações formais a três (PP, Cuidadanos e Vox).
Quanto à possibilidade de se reeditar o pacto andaluz – onde o PP e o Cuidadanos conseguiram interromper a hegemonia de 36 anos de PSOE com um governo a dois apoiado parlamentarmente pelo Vox – os membros da direção dividiram-se, com a ala mais liberal a mostrar as suas reticências.
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“Se temos apenas um sócio, seremos subordinados. Há que analisar caso a caso e ver que pactos pressupõem uma mudança e que se implementem reformas”, afirmou ao El País Luis Garicano, o eurodeputado que lidera esse setor crítico mais ao centro do partido.
Num aviso à navegação, desde Sevilha, o Vox demonstrava que o seu apoio parlamentar pode fazer e desfazer, anunciando na segunda-feira que não votará favoravelmente o orçamento andaluz proposto pelo Governo PP-Cuidadanos, por considerar que se trata de “um mero exercício de continuidade”, que poderia ter sido apresentado por um Governo socialista, como referiu o seu porta-voz parlamentar, Alejandro Hernández.
Em semana de negociações de acordos de governação, o Vox assumiu uma posição de força no único lugar onde dispõe do argumento político para isso, a Andaluzia. O partido de extrema-direita põe assim em perigo o novo governo andaluz logo no seu primeiro grande teste, o da aprovação orçamental.
“O nosso objetivo é que este orçamento não seja aprovado”, dizem fontes do Vox citadas pelo El País, sem fechar a porta a conversações. “PP e Ciudadanos terão que negociar connosco para ter o nosso apoio e terão que cumprir os acordos assinados”, explicaram.
Desde as eleições legislativas de 28 de abril, quando conseguiu 10,2% dos votos, que Santiago Abascal tem reafirmado que pretende fazer valer os votos do Vox nesta legislatura e esta segunda-feira reafirmou-o: “Não queremos apenas uma foto, fotos tiramos com as nossas famílias. Exigimos ser tratados com respeito em função da nossa representação2. O Vox quer negociar programas de governo, quer “diálogo político”.
PSOE e Navarra
De acordo com o artigo do Público, no lado socialista, há quem se mantenha firme na procura de um acordo com o Ciudadanos, a conjugação parlamentar mais estável saída das eleições de 28 de abril, com uma confortável maioria absoluta de 180 deputados, quatro acima do necessário.
Ainda na segunda-feira, Emiliano García Page – que conquistou em Castela-La Mancha uma das duas únicas maiorias absolutas nas eleições autonómicas -, sublinhava, em entrevista ao La Razón, que “isto é o que Espanha quis votar: não aos extremos, antes uma grande força que se possa entender”. E entenda-se “isto” como um acordo parlamentar com o Ciudadanos.
Nesse sentido, a decisão tomada por Pedro Sánchez, de tentar travar as negociações de governo dos socialistas navarros, mostram que o líder socialista não quer dar azo a que um acordo para Espanha se deite a perder por um governo autonómico. O líder do PSOE mandou travar as negociações porque o acordo precisa da abstenção do EH Bildu, o partido da esquerda independentista basca.
Os socialistas navarros ficaram em segundo lugar, com 11 deputados, atrás da coligação Navarra Suma (União do Povo Navarro, PP e Ciudadanos), que obteve 20. María Chivite quer juntar os nove deputados do Geroa Bai – nome do Partido Nacionalista Basco (PNV) em Navarra -, os dois do Podemos e um do Esquerda-Eskerra para superar os 20 deputados da direita. Essa maioria ficará sempre dependente dos sete deputados do Bildu.
No entanto, segundo o eldiario.es, María Chivite não ouviu a indicação dos socialistas de Madrid e mantém a intenção de formar um executivo de esquerda, explicando que não tinha intenções de negociar com o Bildu. Ao mesmo tempo, o PNV condicionava o seu apoio a um governo de Pedro Sánchez em Espanha, segundo os socialistas em Navarra.