Ampe Rogério / EPA

O Ministério do Interior angolano classificou como “ações criminosas” os eventos ocorridos em Luanda “desde as primeiras horas” desta segunda-feira, considerando que são “um ataque ao Estado democrático e de direito”. A polícia deteve mais de 100 pessoas implicadas em atos de vandalismo.
Esta segunda-feira ficou marcada em Luanda por episódios de vandalismo, pilhagens e perturbação da ordem pública, que o Ministério do Interior angolano classificou como “ações criminosas” e um “ataque ao Estado democrático e de direito”.
Nas primeiras horas do dia registaram-se enchentes nas paragens de táxis, em vários pontos da província, com muitos vídeos a circularem nas redes sociais dando conta da situação, de atos de vandalismo em lojas, autocarros apedrejados, barricadas nas estradas, e pneus a arder.
Os eventos coincidiram com a greve de operadores de táxis e manifestações contra o aumento do custo de vida, que decorrem até quarta-feira na capital angolana.
“Essas ações criminosas que atentam contra a estabilidade pública representam um ataque ao Estado democrático e de direito e ao bem-estar dos cidadãos”, salienta um comunicado do Ministério da Defesa, lido na televisão nacional.
Estes são “atos premeditados de sabotagem e intimidação que não serão, em hipótese alguma, tolerados, pelo que as autoridades estão a tomar todas as medidas necessárias para a manutenção da ordem e tranquilidade públicas, bem como para identificar, responsabilizar e levar à justiça os mandantes e executores desses atos deploráveis”, acrescenta o comunicado.
As autoridades angolanas reafirmam que “a situação de segurança pública é estável e apela à população para que se abstenha de participar ou incentivar esse tipo de ações e que colabore com as autoridades denunciando quaisquer atividades suspeitas”.
Os protestos irromperam durante o primeiro de três dias de paralisação dos taxistas contra o aumento dos combustíveis, com milhares de pessoas na rua, atos de violência e vandalismo, pilhagens e ataques a autocarros.
Uma centena de suspeitos detidos
A Polícia Nacional de Angola deteve mais de 100 pessoas suspeitas de atos de vandalismo, na sequência dos distúrbios registados na capital angolana.
Segundo o porta-voz da Polícia Nacional, subcomissário Mateus Rodrigues, a situação atual é estável e os focos de desordem registados de manhã já estão controlados.
“Nós temos as nossas forças a controlarem esses locais”, disse Mateus Rodrigues em declarações à imprensa, frisando terem sido apreendidos alguns objetos “na posse dos indivíduos que cometeram os atos de violência”.
A Polícia contabilizou a destruição de cerca de 20 autocarros de transportes públicos, estando por contabilizar os veículos particulares danificados. Mateus Rodrigues frisou que os dados ainda são preliminares, porque a polícia continua a calcular e a receber as informações sobre o que efetivamente ocorreu.
“Do ponto de vista das medidas que foram tomadas, elas continuam elevadas, as nossas forças continuam nas ruas a garantir que aqueles pequenos focos de desordem sejam desativados”, salientou o porta-voz da Polícia Nacional, que desencorajou os cidadãos a enveredar por “qualquer ato de desobediência”.
As forças de segurança pública “não vão tolerar esses atos de desordem pública e serão tomadas medidas drásticas, medidas cabais, no sentido de se repor a ordem pública a todo o custo”, acrescentou Mateus Rodrigues.
“Queremos reiterar, desencorajar, os cidadãos que estão a praticar este tipo de atos, estamos a investigar, temos dados, temos imagens, nós continuamos com a investigação e todos aqueles que praticaram os atos de pilhagem serão detidos, para além destes 100, haverá outras detenções e todos eles serão levados aos órgãos de justiça”, afirmou.
Neste último balanço, a Polícia não apontou qualquer vítima mortal ou feridos registados durante os tumultos, depois de ter referido, na sua primeira intervenção, uma pessoa ferida, que posteriormente teria sido socorrida.
No início deste mês, o preço do gasóleo passou de 300 para 400 kwanzas por litro (0,28 para 0,37 euros), no âmbito da retirada gradual pelo Governo do subsídio aos combustíveis, iniciada em 2023, levando a um reajuste das tarifas dos transportes públicos.
Face à subida do preço do gasóleo, a Agência Nacional de Transportes Terrestres passou de 200 (0,19 euros) para 300 kwanzas (0,28 euros) o preço do serviço de táxis coletivos (transporte ocasional de passageiros) e de 150 (0,13 euros) para 200 kwanzas a tarifa do serviço de autocarros urbanos.
Os taxistas sublinham que se passaram mais de 15 dias sem o Governo “ouvir o grito de socorro dos taxistas, e por isso decidiram as Associações e Cooperativas de taxistas paralisar os serviços de táxi nos dias 28,29 e 30 deste mês”.
Prudência e vigilância para portugueses
O Consulado-Geral de Portugal em Luanda alertou para a atual situação de segurança na capital angolana, recomendando prudência e que se evitem deslocações desnecessárias.
“A atual situação de segurança em Luanda é objeto de monitorização e acompanhamento próximo por parte da representação diplomática de Portugal em Angola, em contacto com as competentes autoridades angolanas e com os parceiros da UE”, lê-se no comunicado publicado na página oficial do consulado.
O consulado aconselha os cidadãos portugueses a manterem “prudência e vigilância”, e sugere a adesão ao canal WhatsApp do Consulado-Geral de Portugal em Luanda.
Face aos “constrangimentos de mobilidade que se preveem para esta terça-feira”, o consulado adianta também que “o atendimento ao público se encontrará fortemente limitado” neste dia, assegurando no entanto o “compromisso de reagendar para tão breve quanto possível todos os atos consulares que possam ser impactados por aquelas limitações”.
ZAP // Lusa
Uma minoria vive abastada e confortável, enquanto o resto da população, passados 50 anos, vive pior do que no tempo colonial.
Os vastos recursos apenas beneficiam parte dos portadores de cartão partidário, mas as coisas vão acalmar, depois de algumas mortes, já que a máquina repressiva do MPLA é bastante convincente!
Sabes que a maioria não existe naqueles lados? Existe apenas tribos e não existe o conceito de maioria ou união como nós entendemos. Desde sempre que a lei do mais forte e vai continuar seja qual for os esforços que façamos para tentar colonizar a cultura deles. Se estudasses um pouco da história e cultura africana saibas. A única solução é nos afastarmos e deixar eles decidirem o seu futuro e parar de tentar colonizar os outros.