Cortesia / UMinho

Investigadora da UMinho utiliza zonas húmidas artificiais para tratar e reutilizar água de forma ecológica e eficiente.
Transformar águas residuais em recurso. Essa foi a prioridade de Patrícia Gomes, investigadora da Escola de Ciências da Universidade do Minho (ECUM), no projecto “Wetlands e economia circular – uma solução sustentável para os recursos hídricos”.
A investigadora está a recorrer a zonas húmidas construídas – sistemas artificiais que imitam os processos naturais de depuração da água – para tratar e reutilizar águas residuais de forma ecológica e eficiente.
Patrícia utiliza plantas específicas e substratos naturais; estes sistemas eliminam diversos contaminantes e com menor consumo de água, que é depois filtrada através de leitos de solo ou areia e tratada por processos físicos, químicos e biológicos.
O objetivo é promover a biodiversidade e a reutilização da água em contextos agrícolas, industriais e urbanos, com baixo custo e consumo energético e com fácil manutenção.
Já foram feitos testes laboratoriais e no terreno: as zonas húmidas artificiais (wetlands) têm sido eficazes a remover vários contaminantes, como nutrientes (azoto, fósforo) e microrganismos que causam doenças.
“Dependendo do tipo de efluente e tratamento, a água residual pode ser reutilizada para irrigação agrícola e paisagística, rega de jardins ou campos desportivos, usos industriais não potáveis (lavagens, refrigeração) e, em alguns casos, recarga de aquíferos ou criação de zonas de conservação ambiental”, descreve Patrícia Gomes.
O sistema inovador reduz a extração de recursos hídricos naturais e reaproveita o azoto e fósforo para, por exemplo, ser usado como fertilizante.
A investigadora reforça que as alterações climáticas devem obrigar Portugal a “repensar” a forma como gere a água. É preciso “apostar na eficiência, na reutilização de águas residuais tratadas e na descentralização dos sistemas de saneamento, através de soluções como zonas húmidas construídas”.
Como soluções, Patrícia Gomes sugere: implementar técnicas de gestão integrada e adaptativa dos recursos hídricos, aliada à educação da população sobre o valor da água, ao investimento em inovação e à adoção de soluções baseadas na natureza.