Pelo menos dois dos dez assaltantes, que agrediram e interrogaram as oito pessoas que estavam na embaixada, foram identificados e têm vínculos com os serviços secretos americanos (CIA), avançou esta quarta-feira o El País.
O jornal espanhol cita fontes policiais e do Centro Nacional de Inteligência (CNI), os serviços secretos espanhóis.
O ministro das Relações Exteriores da Espanha, Josep Borrell, não quis comentar a notícia. “Ontem quando saí de Madrid não tinha esta informação. Desconheço a sua origem e a sua veracidade e, se a tivesse, não poderia comentar”, declarou Borrell em conferência de imprensa em Belgrado, citado pela agência noticiosa espanhola EFE.
O incidente pode causar atritos diplomáticos entre Madrid e Washington. Fontes governamentais afirmam que, se a autoria da CIA for confirmada, trata-se de uma ação “inadmissível” por parte de um país aliado. Não só os serviços de inteligência norte-americanos teriam operado em solo espanhol sem pedir autorização nem informar os anfitriões como também teriam violado as convenções internacionais que protegem as legações diplomáticas.
O El País acrescenta que as autoridades espanholas pediram explicações sobre o sucedido à CIA, mas que a resposta dada pela secreta norte-americana “foi negativa e pouco convincente”. Segundo as fontes citadas pelo jornal, a CIA terá agido “em provável colaboração” com agentes dos serviços secretos da Coreia do Sul.
Depois de analisar as gravações das câmaras de segurança da área, interrogar os reféns e analisar os veículos diplomáticos usados na fuga, um dos invasores foi identificado. A maioria eram coreanos, mas pelo menos dois foram reconhecidos pelos serviços de informação espanhóis pelos vínculos com a CIA norte-americana.
O assalto à embaixada da Coreia do Norte em Madrid ocorreu a 22 de fevereiro e teria como objetivo a recolha de informação sobre o embaixador e chefe da delegação norte-coreana para as negociações com os EUA. Pelas 15h00, dez homens encapuzados e com “armas falsas” amarraram e interrogaram os oito funcionários presentes.
Algum tempo depois, os assaltante que levaram apenas telefones móveis e ficheiros informáticos usaram dois carros da própria embaixada para abandonar o local. Descrito como uma operação de comandos pela sua rapidez de execução, o assalto ocorreu cinco dias antes da Cimeira entre Donald Trump e Kim Jong-un.
Pouco ou nada se soube até agora, tendo as autoridades espanholas admitido apenas que uma cidadã norte-coreana teria sido ligeiramente ferida na via pública, perto da embaixada localizada no bairro madrileno de Aravaca.