Da China até aos escravos afro-americanos. A história da invenção do gelado

Os egípcios e os romanos já gostavam de misturar gelo nas suas bebidas, mas o primeiro gelado terá nascido na China, em 200 A.C.

É uma das sobremesas favoritas das crianças, uma das principais delícias quando chega o Verão e até é um símbolo de conforto quando estamos de coração partido. Mas, afinal, quem inventou o gelado?

Bem, não há um único criador e a invenção foi aperfeiçoada ao longo de séculos até chegar ao que conhecemos nos dias de hoje.

Nas civilizações na China, cerca de 3000 anos A.C, já se acrescentava sumos de frutas ao gelo e os egípcios também tinha técnicas engenhosas para congelarem a água — envolvendo vasos de argila com água com um pano molhado ou deixando pequenos pratos expostos ao frio nas noites geladas do deserto

Desde o rei Salomão até a Alexandre, o Grande, há muitos relatos ao longo da História de várias figuras que gostavam de bebidas geladas. Os imperadores romanos Nero, Cláudio ou Júlio César também gostavam de misturar neve nas frutas e nos sumos, relata o All That’s Interesting.

Devido ao clima quente em torno do Mediterrâneo, os romanos tinham de ir buscar neve ao topo das montanhas, o que tornava estas sobremesas geladas muito caras, podendo apenas as elites desfrutar delas.

Apesar de já há muito se apreciar uma sobremesa gelada, oficialmente o primeiro gelado surgiu em 200 A.C. na China, que era uma mistura de gelo, arroz e leite.

Algumas centenas de anos depois, os imperadores chineses da dinastia Tang comiam uma delícia semelhante, onde misturavam leite com uma substância aromática chamada cânfora, e depois congelavam a mistura.

Pode assim dizer-se que o gelado nasceu na China, mas o doce continuou a evoluir. No século XI, os persas deliciavam-se com uma sobremesa semelhante ao gelado chamada “sharbat“, que consistia numa bebida gelada com cerejas, romãs ou marmelos.

Possivelmente graças às Cruzadas, a sobremesa acabou por chegar à Europa, mais especificamente, a Itália. A partir daí, a ideia espalhou-se pelo Velho Continente, depois de Catarina de Médici a ter levado para França quando casou com o rei Henrique II em 1533.

No século XVII, o italiano Antonio Latini foi a primeira pessoa a escrever uma receita para um sorvete e em 1686, o siciliano Francesco Procopio dei Coltelli abriu um café em Paris, onde servia uma mistura de leite gelado, creme, manteiga e ovos a que chamou gelato.

A invenção acabou por atravessar o Atlântico. Especula-se que George Washington gastou 200 dólares em gelado em 1790 e que Thomas Jefferson tinha uma “casa de gelo” onde podia guardar a sua sobremesa favorita.

Mas os afro-americanos foram os que mais influenciaram o gelado na terra do tio Sam. Por exemplo, foi o chef escravo de Jefferson, James Hemings, que aperfeiçoou a receita do gelado de baunilha e foi um negro que trabalhava na cozinha da Casa Branca, Augustus Jackson, que terá inicialmente deitado sal no gelado para baixar a sua temperatura — o que lhe valeu a alcunha “Pai do Gelado“.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.