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Pela primeira vez em 72 anos, a população da China pode diminuir

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Jerome Favre / EPA

A China deverá alcançar o seu primeiro declínio populacional desde o início dos registos, em 1949, apesar do relaxamento das rígidas políticas de planeamento familiar por parte do Governo, que visavam reverter a queda na taxa de natalidade do país mais populoso do mundo.

Os últimos censos, que foram concluídos em dezembro, mas que ainda não foram divulgados oficialmente, deverão registar a população total da China em menos de 1,4 mil milhões, de acordo com fontes familiarizadas com a pesquisa. Em 2019, a população do país ultrapassava bastante este número.

No entanto, as mesmas fontes advertiram que o número foi considerado muito sensível e não seria divulgado até que vários departamentos governamentais tivessem chegado a um consenso sobre os dados e as suas implicações.

“Os resultados dos censos terão um grande impacto sobre como a população vê o seu país e como funcionam os vários departamentos governamentais”, referiu Huang Wenzheng, investigador do Centro para a China e a Globalização.

O Governo estava a planear divulgar os resultados no início de abril, mas Liu Aihua, porta-voz do Escritório Nacional de Estatísticas, referiu que um atraso vai fazer com que os censos sejam conhecidos mais tarde. Esta situação tem sido amplamente criticada nas redes sociais.

As autoridades locais também se prepararam para a divulgação dos dados. Chen Longgan, vice-diretor do escritório de estatísticas da província de Anhui, afirmou ao National Post, durante uma reunião, que as autoridades deveriam “definir a agenda” e “prestar muita atenção à reação pública”.

Vários analistas disseram que um declínio na população poderia ter um grande impacto na segunda maior economia do mundo, afetando tudo, desde o consumo até ao cuidado com os idosos.

As taxas de natalidade da China baixaram drasticamente mesmo depois de Pequim liberalizar as políticas de planeamento familiar em 2015, permitindo que todos os casais tivessem dois filhos em vez de um.

Dados oficiais mostram que o número de recém-nascidos na China aumentou em 2016, mas depois caiu ao longo de três anos consecutivos. As autoridades atribuíram o declínio ao número cada vez menor de mulheres que optam por ficar em casa com os filhos.

O cenário pode ainda piorar. Num relatório publicado na semana passada, o Banco Central da China estimou que a taxa de fertilidade total, era inferior a 1,5, em comparação com a estimativa oficial de 1,8.

“É quase um facto que a China super estimou a sua taxa de natalidade”, disse o Banco. “Os desafios trazidos pela mudança demográfica podem ser maiores do que o esperado”, rematou a instituição.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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2 Comments

  1. São horas de começarem a ter juízo, o planeta precisa manter a sua diversidade sustentável, não pode ser uma habitação apenas para humanos, a Ásia entre outros locais, é um péssimo exemplo da sustentabilidade do planeta.

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